Como se mede o impacto social de um negócio do terceiro setor? Há um modelo científico?
Nós passámos dois anos a desenvolver um programa de pesquisa, em parceria com universidades francesas, para definir uma metodologia que medisse o impacto social. Esta metodologia, chamada CDI Ratings junta mais de 600 critérios, consoante diferentes setores sociais (saúde, desemprego, seniores, educação, habitação). Esta metodologia é hoje usada por alguns atores públicos e privados em França, noutros países europeus e também na Ásia (Coreia, por exemplo).
O que significa ser criador de riqueza social?
Significa que, através de um modelo económico, é possível ter grande impacto social na resolução das necessidades da população que se quer atingir. As empresas sociais tentam resolver problemas da sociedade, como emprego para pessoas pouco especializadas ou saúde para os sem-abrigo ou habitação para famílias pobres. Por causa do seu trabalho e da sua paixão, são capazes de resolver grandes problemas. É por isso que são criadores de riqueza social.
No atual contexto de crise, acha que é mais fácil convencer os empresários a investir em negócios sociais?
Na verdade, esta crise mostra que o nosso sistema económico não é capaz de resolver os principais problemas sociais e, pelo contrário, tem ajudado a criar situações precárias. As pessoas estão conscientes de que precisamos de reinventar os nossos modelos e de que temos de nos preocupar mais com os indivíduos e com o planeta, e não só com o lucro É uma questão de equilíbrio. Mas não são só os empresários que precisam de ser convencidos. São sobretudo os empreendedores e as autoridades estatais que têm a coragem para desenvolver empresas sociais.
Como é que o Grupo SOS, que administra, passou de ONG a um negócio social tão lucrativo e bem sucedido, com 10 mil funcionários, 300 estruturas e 750 milhões de dólares de lucro?
O Grupo SOS é o líder das empresas sociais na Europa porque conseguiu pensar “out of the box” (diferente) e ser muito inovador ao longo dos anos. Estamos focados nas necessidades sociais e tentamos encontrar as melhores formas de lhes dar solução. Trabalhamos com os nossos stakeholders (parceiros como o governo, a sociedade civil, as empresas privadas) para juntos conseguirmos causar um forte impacto social. Além disso, fazer o bem não é necessariamente ser um sonhador. É preciso ser-se muito profissional, porque trabalha-se com pessoas que estão a atravessar grandes dificuldades. Também tentamos contratar os melhores profissionais, para a gestão da rede social, e pedimos-lhe empenhamento total.