O luso-brasileiro Leonardo Serro dos Santos, que estava detido no Dubai, Emirados Árabes Unidos, desde o início de novembro, foi ontem libertado, confirmou à VISÃO o seu advogado em Portugal, Klaus Luchtenberg.
Apontado como o líder da maior rede de tráfico internacional de drogas em Portugal, controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) – a maior e mais perigosa organização criminosa da América Latina –, Leonardo Serro dos Santos tinha sido detido há 45 dias (período limite para prisão preventiva naquela cidade) e foi libertado depois de as autoridades brasileiras não terem feito chegar ao emirado nenhum pedido formal de extradição durante este período.
À VISÃO, Klaus Luchtenberg, advogado brasileiro radicado em Portugal, considera que “o Brasil era o maior interessado na extradição [de Leonardo Serro dos Santos]” e que este desfecho “prova” que o seu cliente “não é a pessoa que dizem ser” nos últimos dias. “Porque é que o Brasil não fez o pedido de extradição dentro do prazo? Se o Leonardo [Serro dos Santos] fosse, de facto, o líder de uma organização criminosa como o PCC, em Portugal, esse pedido chegaria, certamente, em tempo útil. Isto permite ilibar o meu cliente, sem dúvida”, diz o causídico.
À VISÃO, Klaus Luchtenberg já tinha garantido que as acusações sobre o seu cliente “são totalmente falsas”. “Existem pessoas investigadas no âmbito deste processo [que decorre no Brasil] que, supostamente, têm envolvimento com o tráfico de drogas. O Leonardo [Serro dos Santos] teve, de facto, contactos profissionais com essas pessoas, mas não existem provas de que ele esteja, efetivamente, envolvido em qualquer atividade criminosa. Ele desconhecia, aliás, que essas pessoas estavam ligadas ao tráfico de drogas”, afirmou Klaus Luchtenberg. Na mesma ocasião, a mulher de Leonardo Serro dos Santos – em declarações exclusivas à VISÃO – também tinha insistido na inocência do companheiro luso-brasileiro.
Recorde-se que Leonardo Serro dos Santos foi detido preventivamente pela Interpol, na primeira semana de novembro, no Dubai, Emirados Árabes Unidos (e não em Abu Dhabi, como inicialmente tinha sido avançado), cidade onde residia com mulher e filho desde o passado mês de janeiro.
Com alcunha de “Carioca”, Leonardo Serro dos Santos, 47 anos, nasceu no Rio de Janeiro, no Brasil, mas tem residência em Parede, no município de Cascais, desde 2018. A partir desse ano, passou a cruzar regularmente o Atlântico – a justificação são os negócios que manteve no país-natal.
Sócio único de uma empresa de gestão de carreiras desportivas, com sede em Cruz Quebrada-Dafundo, no concelho de Oeiras – criada em outubro de 2019, mas sem qualquer atividade conhecida ao longo destes três anos –, Leonardo Serro dos Santos já tinha estado detido no Brasil, numa curta incursão pelo seu país-natal, acusado pelo mesmo crime, no âmbito de uma operação da Polícia Federal brasileira no Rio de Janeiro, que surgiu no seguimento de um alerta da norte-americana DEA, órgão federal que se dedica ao combate ao narcotráfico nos Estados Unidos da América.
Depois de quase quatro anos em Portugal – e já na posse de nacionalidade portuguesa –, Leonardo Serro dos Santos terá decidido abandonar o país, em janeiro de 2022, fixando morada no Dubai (mas mantendo alojamento em Parede), onde passou a dedicar-se à atividade de agente imobiliário.
No início de novembro, seria detido na sequência de um alerta da Interpol. Quarenta e cinco dias depois, regressou à liberdade. Segundo apurou a VISÃO, é sua intenção permanecer naquele emirado com a família.