Um rapaz de 12 anos foi atropelado enquanto tentava fugir de um grupo de colegas de escola, sobretudo uma, mais alta, que segundos antes o tinha agredido com um murro no ombro. Após a agressão física, ele tentou manter-se à distância e, a certa altura, atravessou a estrada Nacional 10-2, no Seixal, para escapar à perseguição. Entre risos de gozo e uma voz crítica que avisava que o que estavam a fazer era bullying, várias colegas foram atrás dele para o outro lado da estrada e, quando o rapaz tentava atravessar de novo para o lado contrário, deu-se o atropelamento.
O episódio, ocorrido na passada quinta-feira, 20, foi filmado com um telemóvel, e o vídeo acabou por ser partilhado, nesta quarta-feira, na rede social Twitter. Desde então, multiplicam-se as mensagens de ódio contra Jéssica, a adolescente de 13 anos que agrediu o rapaz e o perseguiu de forma mais insistente.
À SIC, a mãe da rapariga revelou que a pôs de castigo. “A Jéssica não é o monstro que estão a desenhar. Aquilo foi uma brincadeira que correu muito mal, infelizmente. O menino atravessou sem olhar, infelizmente. A minha filha tem 13 anos, eles são crianças, não podemos considerar tudo bullying. Isto foi um episódio que correu muito, muito mal”, declarou, lamentando a divulgação do vídeo.
Os pais do rapaz, que sofreu ferimentos ligeiros e regressou à escola na segunda-feira, apresentaram queixa na PSP e querem ver o caso chegar ao Tribunal de Família e Menores. A polícia já identificou todos os envolvidos, alunos da Escola Básica Dr. António Augusto Louro, na Arrentela, e participou o caso à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.
À Lusa, a Procuradoria-Geral da República adiantou que “os factos deram lugar à instauração de inquérito tutelar educativo”, previsto “quando estão em causa factos qualificados pela lei como crime, praticados por menor entre os 12 e os 16 anos”. A investigação fica a cargo do Ministério Público do Juízo de Família e Menores do Seixal.