“Nenhum de nós tem interesse em que haja eleições. Era mau para o pais, era mau para o cumprimento do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], era mau para a crise que hoje estamos a viver na Europa”, defende Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD e da Câmara de Cascais, em entrevista ao Irrevogável. Mas ressalva: “há males que são inevitáveis, perante a incapacidade de um Governo governar” e “temos visto os limites praticamente ultrapassados”.
Para já, a atitude dos sociais democratas continua a ser a “de dar esse espaço para [o Executivo} poder acertar o passo”. Contudo, Miguel Pinto Luz considera que não há margem para um caso semelhante ao de João Galamba. “Este Governo está sob vigilância, está com com pulseira eletrónica, em prisão domiciliária. E tem de se comportar bem, sob pena de o senhor presidente dissolver a Assembleia da República. Portanto, a partir de agora, se ultrapassar outro limite” deve cair, referiu, exemplificando que “se ficar provado que Galamba mentiu, o ar torna-se quase irrespirável para a democracia”.
Apesar de achar que as eleições antecipadas não são a melhor opção, o ex-candidato à liderança do PSD afirma também que o partido está preparado para ser a alternativa de que o país precisa. “Temos vindo a subir em todas as sondagens paulatinamente e tivemos já duas sondagens que nos colocaram à frente [do PS], desde janeiro. Isso é uma mudança objetiva, que nos faz acreditar que estamos a conquistar a confiança dos portugueses. Agora, há fenómenos complicados a que a sociedade e os partidos moderados não estão a ser capazes de dar resposta”, diz, referindo-se ao “caso do Chega”, repetindo, depois, o discurso do líder do seu partido, que continua a evitar dizer ipsis verbis que nunca fará acordos com o partido de André Ventura.
“O que os portugueses têm de saber hoje é aquilo que o Dr. Luís Montenegro disse: que um Governo do PSD liderado por Luís Montenegro não governará com partidos extremistas, xenófobos, racistas, nem populistas”, nota, acrescentando que “se a carapuça enfiar à IL enfia à IL. Se enfiar ao Chega, enfia ao Chega. Se enfiar ao BE, enfia ao BE. Se enfiar ao PCP, enfia ao PCP. Se enfiar ao PS, enfia ao PS. Esta é a linha. Não tem a ver com partidos. Tem a ver com comportamentos, políticas, formas de olhar para o mundo e para a sociedade”.
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