No dia em que Governo e os deputados se reúnem, na Assembleia da República, para um balanço da segunda sessão legislativa, o ex-deputado do PSD (2015-2019) Miguel Morgado defende que “o Estado da Nação, neste momento, não se recomenda”. Fala de um ano marcado pela “corrupção, incompetência, nepotismo, tráfico de influências, compadrio” e em que as respostas à pandemia ficaram aquém.
“Fizemos uma péssima gestão da epidemia. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) entrou em colapso, em janeiro, e deixou pendurados milhões de portugueses que não tinham Covid. Tivemos o pior desempenho da União Europeia no que toca à contração do PIB”, continua o ex-assessor político de Pedro Passos Coelho, em entrevista ao Irrevogável.
Confrontado com a sondagem da RTP, publicada nesta segunda-feira, onde se refere que 88% dos portugueses acreditam que o Executivo tem condições para chegar ao fim da legislatura, apesar de com remodelações, e que 52% apontam como “razoável” o desempenho do Governo, Miguel Morgado responde que “a governação socialista dos últimos anos fez com que aos portugueses reduzissem os seus horizontes”. Por isso, defende uma “subida da exigência cívica” e reconhece que a falta de uma alternativa política também tem o seu peso.
Não é novidade o esforço que o social democrata tem feito para sugerir uma “federação das direitas”, como lhe chama; mas admite que as atuais lideranças dos partidos à direita não estão interessadas nesta união – como ficou patente na reunião das direitas (Convenção do Movimento Europa e Liberdade, em maio).
No caso do seu partido, o rumo mais ao centro, cunhado por Rui Rio, pode dificultar as conversações com as outras forças políticas. Miguel Morgado – muito crítico do presidente do partido – acredita que “Rio não enganou ninguém com a estratégia central e a obsessão pelo bloco central”. E continua a discordar do rumo do PSD nos últimos anos.
“Pedro Passos Coelho foi sempre uma força agregadora do partido. Rui Rio, no início, disse logo que quem não concordava com ele devia sair do partido”, disse ainda.
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