Em declarações aos jornalistas após uma reunião com organizações representativas dos trabalhadores (ORT) da aviação civil, no Aeroporto de Lisboa, Paulo Raimundo defendeu que o problema que se vive neste setor é transversal a muitas áreas: “é o problema da precariedade, dos baixos salários, da instabilidade permanente”.
Para o líder comunista, para dar resposta a estes trabalhadores, é “fundamental garantir um forte setor público, desde logo com um elemento central, que é a TAP como empresa pública”.
Questionado se o controlo público da TAP será uma exigência em caso de eventual acordo pós-eleitoral com o PS, Paulo Raimundo respondeu que “essa não é a questão fundamental”, mas antes se se “desbarata um património, um elemento central até do ponto de vista económico” ou se opta por mantê-lo “como um elemento central que precisa de respostas”.
“Essa é que é a questão central. Os acordos ou não acordos… O nosso maior problema não é o acordo que vamos ou não escrever, o nosso maior problema é a opção, ou a obsessão que há generalizada, e em particular do PS, em privatizar parte ou a totalidade da TAP”, referiu.
Paulo Raimundo defendeu que essa privatização seria “um crime para TAP e um tiro nos pés de grande dimensão para o setor da aviação civil”, apelando a que se criem condições para acabar “de uma vez por todas com uma gestão supostamente pública desta empresa que, no fundo no fundo, se guia por critérios privados e quer é preparar a privatização”.
A TAP “é a maior exportadora do país. Quando toda a gente enche o peito a dizer que a exportação é que é, então não deem cabo da maior exportadora nacional”, pediu.
Interrogado se uma TAP pública consegue competir com os seus concorrentes internacionais de forma a manter o seu pessoal, em particular na área da manutenção, Paulo Raimundo perguntou se a alternativa é “fechar a casa e entregar as chaves”.
O líder comunista defendeu que a única forma de competir com esses concorrentes é garantir que se aumentam de forma significativa os salários do pessoal não só da manutenção, mas também de terra, os pilotos, e todos os que estão envolvidos no setor da aviação civil.
“Porque qual é a alternativa se nós não aumentarmos os salários de forma significativa, até de forma a garantir que esses recursos qualificados ficam no nosso país? É empurrá-los todos para fora do país? É desistirmos do país? Nós não desistimos”, afirmou.
Paulo Raimundo afirmou que o seu partido não desiste nem da TAP como empresa pública, nem do setor da aviação civil como “determinante para o país”, nem da “questão fundamental do aumento dos salários, que é um elemento central para tudo”.
Para o líder do PCP, essa questão é relevante para os trabalhadores da aviação civil, mas também de “centenas de empresas”, como a Lisnave ou a OGMA.
“Se não dermos o passo de um aumento significativo nos salários, nós arriscamo-nos a não ter condições para continuar a produzir por falta de mão-de-obra. Quem não quiser fazer isso, põe a cabeça no chão. Nós não enterramos a cabeça na areia e enfrentamos este problema com coragem, determinação e não vamos abdicar dele”, assegurou.
TA // JPS