Se o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, quisesse identificar-se com uma personagem da série de filmes de animação Madagáscar, por certo que escolheria ser o líder dos pinguins: “sorrir e acenar”, na célebre fórmula do patusco personagem da DreamWorks, é o mote para a última semana de campanha. A maioria absoluta parece ao alcance mas, apesar de gostar de cultivar rosas, nos tempos livres, Miguel Albuquerque deteta alguns espinhos pelo caminho. As ordens, na ponta final, foram para que houvesse contenção. Nada de espaventos inaugurativos, que nunca atingiriam o brilho dos tempos do jardinismo e poderiam soar a falso; nada de declarações imprudentes ou reações inopinadas a farpas da oposição; nada de triunfalismos imprudentes, desmobilizadores de um eleitorado tradicional que pode considerar que a eleição está no papo. As sondagens conhecidas até ao fecho desta edição davam uma confortável maioria absoluta à coligação Somos Madeira, que integra PSD e CDS, mas o número de indecisos – cerca de 29%, segundo o estudo da Intercampus para o Jornal da Madeira – provoca nervoso miudinho. Miguel Albuquerque quer mexer-se o menos possível.
Ao seu lado, todavia, o zumbido do Chega não o deixa descansar. André Ventura apareceu como um mosquito, no arquipélago, para onde viajou dezenas de vezes, no último ano, e a sua oratória, que copia os termos outrora empregados por Alberto João Jardim – “vamos dar uma coça em António Costa e Miguel Albuquerque!”, disse esta semana –, está a espalhar pela ilha a “dengue do populismo”. Tudo se vai jogar nas últimas horas: conseguirá o Chega ir muito para além dos três deputados (em 47), o que, significativamente, é o mesmo total que o CDS conseguiu há quatro anos, e que permitiu a um PSD vencedor, sem maioria absoluta, formar governo e garantir a estabilidade?