O CDS-PP vai apresentar uma moção de censura ao Governo de António Costa. A informação foi avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso e confirmada, entretanto, por fonte oficial do partido. A Comissão Executiva dos centristas, órgão de direção mais restrito de Assunção Cristas, estará a ultimar o texto que vai dar entrada na Assembleia da República e cujos contornos deverão ser explicitados pela própria presidente numa conferência de imprensa convocada para esta tarde.
O documento deverá dar ênfase à contestação social de que o Executivo socialista tem sido alvo, com especial enfoque nas dificuldades que se têm sentido no setor da saúde – do subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde à greve dos enfermeiros, passando pela rutura entre a ADSE e os prestadores de cuidados médicos privados.
Nesta legislatura, é a segunda vez que os democratas-cristãos avançam com uma moção de censura ao Governo, depois de já o terem feito em 2017 na sequência dos incêndios de junho e de outubro, que vitimaram mais de uma centena de pessoas.
Em todo o caso, é pouco crível que esta iniciativa tenha efeitos práticos, porque, por força das posições conjuntas assinadas em 2015, PS, BE, PCP e PEV estão “obrigados” a examinar conjuntamente moções que visem derrubar o Governo. Dito de outra forma, seria necessário que os partidos que suportam a geringonça quisessem avançar para eleições antecipadas.
Assim, a intenção do CDS parece ser política. Por um lado, em ano de três atos eleitorais (europeias, legislativas e regionais da Madeira), forçar Catarina Martins e Jerónimo de Sousa a votarem ao lado de António Costa e, por outro, obrigar Rui Rio a dizer se concorda ou não com a queda do Governo. Se não o fizer, Cristas reforçaria o argumento de que lidera a única força de oposição ao PS.