O narcotraficante mais procurado do Brasil (e talvez até do mundo), Sérgio Roberto de Carvalho, foi, esta terça-feira, detido em Budapeste, na Hungria, na sequência de uma operação que envolveu várias forças policiais, entre as quais a Polícia Judiciária (PJ).
Conhecido como “Escobar Brasileiro” (numa referência ao famoso narcotraficante colombiano Pablo Escobar), Sérgio Roberto de Carvalho usava um passaporte mexicano falso, com o nome de Guilhermo Diaz Flores, e foi detido quando tomava o pequeno-almoço, no hotel em que se encontrava alojado, localizado a 15 minutos (a pé) do Parlamento de Budapeste, junto às margens do Danúbio.
Segundo foi possível apurar, o Major Carvalho (como é conhecido) foi abordado por elementos da Interpol, da agência norte-americana DEA – entidade que combate o narcotráfico – e da polícia húngara, ofereceu resistência, tendo sido dominado e algemado no solo, como é possível observar pelas imagens da detenção, a que a VISÃO teve acesso.
O ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, no Brasil, terá liderado, durante décadas, uma rota de tráfico de cocaína que ligava a América do Sul e a Europa, com Portugal a servir (em muitas ocasiões) como “porta de entrada” para o Velho Continente, como contou a VISÃO numa grande reportagem de investigação publicada em março de 2021.
Sérgio Roberto de Carvalho, que se encontrava a monte desde 2020, terá chegado a viver escondido em Lisboa – onde terá detido escritório e apartamentos, na Avenida da República. Localizado pela polícia portuguesa, terá conseguido fugir, primeiro, para Kiev, na Ucrânia, e, depois, para o Dubai. Para trás, o narcotraficante terá deixado quase 12 milhões de euros em notas, guardados em malas no porta-bagagens de uma carrinha estacionada na garagem de um apartamento de luxo na Avenida da Liberdade, situação que continua em investigação.
Usando várias identidades, o ex-major da Polícia Militar terá vivido em Espanha (em Marbella), com o nome falso de Paul Wouter, um suposto cidadão natural do Suriname (ex-colónia holandesa na América do Sul). No país vizinho, chegaria a ser preso, porém, conseguiria permissão para responder ao julgamento em liberdade, após o pagamento de uma fiança, o que lhe permitiu escapar às autoridades espanholas, depois de simular a sua própria morte – ou, neste caso, a morte de Paul Wouter. Encontrava-se, desde então, em local incerto.
Entre as muitas suspeitas que recaem sobre si (incluindo o homicídio de opositores e testemunhas), Sérgio Roberto de Carvalho foi também associado ao caso do avião Dassault Falcon 900, propriedade da Omni, empresa privada de transporte aéreo sediada no Aeródromo de Cascais.
No dia 10 de fevereiro de 2021, no interior da fuselagem da aeronave, foi encontrado mais de meia tonelada de cocaína, numa altura em que o avião já se preparava para voar entre Salvador e Tires – da lista de passageiros, recorde-se, constava o nome do ex-presidente do Boavista João Loureiro (que, entretanto, seria ilibado pela investigação da Polícia Federal brasileira).
Notícia atualizada, às 23h10, com a informação que Sérgio Roberto de Carvalho foi detido, em Budapeste, na Hungria, na posse de um passaporte mexicano falso, com o nome de Guilhermo Diaz Flores.
Notícia atualizada, às 13h10, do dia 22, com vídeo que revela a detenção, em Budapeste, na Hungria, de Sérgio Roberto de Carvalho.