No seu discurso de final de noite eleitoral, Luís Montenegro começou por elogiar “o sucesso do voto em mobilidade”, aproveitando para cumprimentar “o governo do PS e o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, por ter iniciado os procedimentos para viabilizar esta operação”.
Seguiu-se a admissão de derrota. “O objetivo da AD é sempre ter pelo menos mais um voto do que as outras forças partidárias. Assumo que não cumprimos esse objetivo, e quero felicitar o PS. Já tive ocasião de falar com o seu secretário-geral e o nosso candidato já falou com a sua cabeça-de-lista.”
Despachadas as más notícias, o presidente da AD rapidamente passou às boas. “Já vencemos quatro eleições. O balanço é francamente positivo, e o resultado de hoje, ainda assim, dá-nos muito alento para prosseguirmos nos próximos anos a caminhada que nos trouxe até aqui. Tivemos mais votos do que há cinco e 10 anos, tivemos uma percentagem superior ao que tínhamos tido e mantivemos a nossa representaçao no PE, com seis deputados do PSD e um do CDS, mesmo numa circunstância política onde à direita foram eleitos quatro deputados. Cada um tirará as ilações que entender. Quero dizer aos portugueses obrigado pela elevada confiança que têm demonstrado. Podem contar com um governo e uma AD a acumprir os seus compromissos todas as semanas.”
Montenegro agradeceu, então, a Sebstião Bugalho, dizendo-se “orgulhoso e reconhecido” pela campanha que encabeçou, e desafiando quem criticou a escolha de um candidato tão novo. “Vamos continuar a apostar em gente nova.”
Já em resposta a uma pergunta do jornalista sobre esta derrota obrigar a um maior esforço na busca por consensos no Parlamento, o primeiro-ministro garantiu que “o governo e a AD estao disponíveis desde a primeira hora para negociar e encontrar consensos com todas as forças políticas”. “Naturalmente aquela com quem temos necessidae de aprofundar mais esse diálogo é o PS. Continuamos com a mesma disponibilidade, mas a mesma convicção: cumprir o nosso programa.”
No final, o líder da AD decidiu acabar com o tabu: vai mesmo apoiar Costa para a presidência do Conselho Europeu. “É expectável que a presidência da Comissão Europeia seja da força política mais representada, o PPE. Se o dr. António Costa for candidato ao Conselho Europeu, a AD fará tudo para que essa candidatura possa ser bem-sucedida.”
Antes de passar a palavra a Sebastião Bugalho, Montenegro confessou a sua “apreensão com o crescimento da extrema-direita em vários estados membros da UE”, mas cumprimentou “o povo português por continuar a ser um referencial de moderação e dos valores fundadores da UE” – numa óbvia alusão ao mau resultado do Chega.
A intervenção de Bugalho começou por felicitar a sua principal adversária, mas logo realçou a diferença de “0,9%”. “Foi mesmo por poucochinho. Mas, em democracia, ganha-se e perde-se por um voto.”
O resto do discurso serviu para desvalorizar a derrota. “Dissemos que íamos manter a nossa delegação no PE, e cumprimos. Continuaremos com sete, enquanto os nossos adversários perderam eurodeputados [o PS passou de 9 para 8]. Contava ter mais um ponto do que a minha idade e acabei com mais três pontos do que a minha idade. Em comparação com as últimas europeias, tivemos um aumento de mais 20% da votação.”
Na fase das perguntas, o cabeça-de-lista da AD ainda fez mais uma provocação ao PS. “Compreendo que um partido que não ganhava há quatro eleições esteja a festejar.”