Gaia é a nova coqueluche dos promotores imobiliários. Não é de hoje que a cidade se tem destacado na capacidade de atração de novos projetos e em 2022 voltou a liderar o top dos municípios com o maior número de pedidos de licenciamento para novos projetos imobiliários.
Números da Confidencial Imobiliário dão conta que em 2022 foram submetidos a licenciamento municipal em Portugal Continental um total de 19.500 novos projetos de habitação (e 43.800 fogos). O pipeline de 2022 distribui-se por 278 concelhos do país, pese embora apenas sete concelhos concentrarem uma fatia de 26% do stock nacional, todos com mais de 1.000 fogos em carteira. A liderança cabe a Vila Nova de Gaia, que em 2022 registou 2.800 novos fogos em licenciamento, ou seja, mais 690 fogos que em Lisboa, onde se contabilizam 2.120 novas unidades em pipeline; e mais 1.150 que no Porto, onde a carteira de nova promoção residencial contabiliza 1.650 fogos. Além disso, enquanto a atividade apresenta uma quebra de 16% em Lisboa e de 23% no Porto, em Gaia acelerou 29%.
Entre os concelhos com mais de 1.000 unidades em licenciamento voltam a incluir-se ainda Matosinhos e Braga, e a constar, pela primeira vez, Oeiras e Guimarães, todos com pipelines de 1.000 a 1.500 unidades.
“A aceleração da atividade de promoção residencial é uma boa noticia, pois, a escassez de oferta é uma das preocupações estruturais deste mercado e um dos fatores a sustentar a trajetória de aumento de preços mesmo num contexto de expectável abrandamento da procura devido à deterioração do poder de compra das famílias. Além disso, é também prova de que os promotores estarão a ajustar as suas estratégias face ao aumento de custos de construção, sem que isso implique necessariamente cancelar projetos.”, referiu Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, acrescentando que ainda assim “este crescimento de 2022 acontece face a um 2021 com quebras fortes” e que “o nível de lançamento de nova oferta fica muito aquém da capacidade de absorção da procura”.
Esta oferta projetada reflete um aumento de 20% em número de projetos e de 17% em número de fogos face a 2021, ano em que o novo pipeline residencial contabilizou 16.300 novos projetos residenciais num total de 37.450 fogos. Na prática, atividade de 2022 resulta numa carteira com mais 3.200 projetos e mais 6.350 fogos do que no ano anterior.
O pipeline de 2022 recupera para os níveis de 2020. Recorde-se que no primeiro ano de pandemia, apesar dos receios iniciais de uma travagem brusca no lançamento de novas promoções residenciais, a atividade manteve-se em linha com 2019, ano que tinha marcado um recorde de novos fogos em pipeline (47.150). Em 2020, o pipeline residencial registou a submissão de 46.350 novos fogos a licenciamento. Ou seja, algum eventual efeito da pandemia no ritmo de promoção residencial acabou por fazer sentir-se em 2021, com uma quebra de 19% na atividade e com um pipeline que ficou abaixo de 2018.