O Duo é, na prática, o sucessor do Twizy. Mas não apresenta as insígnias da Renault. O logótipo não deixa dúvidas: este será o segundo veículo com a marca Mobilize a circular, depois do Limo, um carro criado especificamente para serviços de transporte de passageiros (táxis e TVDE, por exemplo). O que também significa que, como o Limo, o Duo não vai poder ser comprado, pelo menos não pelo método tradicional.
O Duo vai ser proposto em modalidade de serviço. Um género de aluguer com tudo incluído em que o utilizador tanto pode ter o Duo durante dois ou três meses, como durante anos.
Portugueses ‘ao volante’
Para criar e comercializar estes serviços, a Renault criou a Mobilize, que integra os Financial Services (antiga RCI) e a Beyond Automotive. No Salão Automóvel de Paris, tivemos a oportunidade de falar com João Leandro, CEO Mobilize Financial Solutions, e Fedra Ferreira, COO da Mobilize. Ambos portugueses e ambos muito apostados na transformação planeada pela empresa francesa nos próximos anos.
A intenção de ir muito além da propriedade do automóvel é exemplificada por Fedra Ribeiro, que admitiu nem ter carro próprio. A diretora de operações explicou-nos que os produtos da Mobilize “tanto podem ser veículos, como estações de carregamento”, assinalando que a Mobilize já está a desenvolver uma rede de 200 carregadores rápidos, instalados nos concessionários. Para a COO, “temos uma vantagem que é mais importante que muitos podem pensar, os espaços, o imobiliário, a nossa vasta rede, que facilita muito a instalação de postos”. Fedra Ribeiro até fez a comparação com a Tesla “que tem de negociar espaços para instalar as estações de carregamento, enquanto nós já temos esses espaços”. Ainda não há data para a chegada da rede de carregamento Mobilize em Portugal, mas “vai chegar” numa ótica de suporte aos clientes Renault e, também, como modelo de negócio para a marca e parceiros (carregamentos).
Utilizar e reutilizar
Voltando aos veículos, João Leandro, defendeu a importância do financiamento neste tipo de oferta: “deste modo podemos apresentar soluções integradas aos nossos clientes, que não precisam de recorrer a outros serviços de crédito”. Será a Mobilize Financial Solutions que permitirá “ter custos mensais menores que os clientes teriam com carro próprio”. Outra vantagem é a polivalência, já que os clientes, que tanto podem ser utilizadores individuais como empresas, podem mudar facilmente de serviço. Outra vantagem é a redução da pegada ambiental porque a Mobilize estima que, em média, cada veículo terá três vidas. De outro modo, após a utilização inicial, os veículos são disponibilizados a outros clientes. E mesmo após estas vidas, que se querem longas, os veículos podem ser alvos de recondicionamentos mais profundos, na Refactory já anunciada pela marca francesa, para ganharem ainda mais vidas. João Leandro acredita que outra vantagem deste ciclo é permitir a redução de custos para os utilizadores: “deste modo, os nossos clientes poderão aceder a melhores veículos que, apesar de não serem novos, terão as mesmas condições de novos, incluindo garantia”. Até porque, na ótica de serviço, todas as responsabilidades, incluindo manutenção, estão no lado da Mobilize.
Futuros lançamentos
Para a Mobilize, o serviço pode incluir transportes públicos e mobilidade suave. E até já há um veículo conceptual, o Solo. Como o nome indica, enquanto o Duo, o tal sucessor do Twizy, tem lugar para duas pessoas (condutor e passageiro), o Solo destina-se apenas a uma pessoa. Trata-se de um triciclo (duas rodas à frente e uma roda atrás), um género de trotinete com cadeira e cabine. Os 1,37 metros de comprimento e os 90 cm de largura fazem com que possa circular em espaços exíguos e deverá poder ser conduzido sem licença (equivalente a uma bicicleta).