Vai buscar a força à hibridez, situa o seu trabalho em palco entre o cinema e o teatro, as pequenas tramas do quotidiano e as grandes narrativas dos clássicos, o dentro e o fora de campo. A brasileira Christiane Jatahy, nascida no Rio de Janeiro, em 1968, é a convidada da bienal Artista na Cidade 2018.
Julia já tinha passado pelo Teatro Maria Matos, em 2013, e, agora, é no Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), a primeira parte da trilogia que inaugura esta bienal. Trata-se de uma releitura de Menina Júlia, escrita por August Strindberg, em 1888, transpondo-a para a realidade de um bairro chique do Rio de Janeiro. Aqui, a história de amor atribulada é entre Júlia e Jelson, o motorista negro do pai dela. No meio dos dois, há uma câmara que amplia os sentimentos e as ações – ao ponto de torná-los violentos e quase insustentáveis.
As linguagens que Jatahy explora em palco, através de jogos de projeção de vídeo do que está a acontecer em cena e também fora dela – dispositivo que posiciona o público num papel ativo perante as possibilidades de narrativa que se deparam à sua frente –, são também aplicadas à segunda e terceira partes da trilogia (também no TNDM). E Se Elas Fossem Para Moscou? (de 11 a 13 de maio) parte d’As Três Irmãs de Tchekhov (até 22 de maio) e A Floresta Que Anda (de 18 a 20 de maio) apresenta-se sob a forma de uma videoinstalação em palco, inspirada no MacBeth de William Shakespeare.
Segue-se Ítaca – Nossa Odisseia I, a partir de Homero, que será apresentada em junho, no São Luiz, no contexto do festival Alkantara. Em setembro, no Museu da Cidade, e integrada no Lisboa na Rua, é mostrada a performance-documentário Moving People. Em novembro, inseridos no festival Temps d’Images, são exibidos os documentários Utopia.doc e In the Comfort of Your Own Home, realizados por Jatahy, no Cinema Ideal; no Cinema São Jorge passará o filme A Falta Que Nos Move, cuja premissa foi juntar cinco atores numa casa para prepararem um jantar a um desconhecido, e também o filme sobre a sua encenação de Fidélio, a única ópera composta por Beethoven. Na Cinemateca, haverá uma mostra de filmes escolhidos por Christiane Jatahy, e a programação encerra a 24 de novembro no Teatro São Luiz, com a exibição de 13 horas de filmagens de A Falta Que Nos Move, transformando a perfomance… em festa.
Julia > Teatro Nacional D. Maria II > Pç D. Pedro IV, Lisboa > T. 21 325 0800 > 4-6 mai, sex-sáb 21h, dom 16h > €10 a €15