Não há imagens que acompanhem a voz de Elizabeth Taylor no auge da carreira, quando, em 1964, conversou com o jornalista Richard Meryman. Tinha 32 anos e achava que a consideravam de pouca confiança, imoral até.
Elizabeth Taylor (1932-2011) representava desde os dez anos, numa infância bucólica, segundo as suas palavras, passada em estúdios de cinema cheios de vida, onde se produziam 30 filmes ao mesmo tempo e até os figurantes eram estrelas.
As 40 horas de entrevistas áudio recém-descobertas estão na base do documentário Elizabeth Taylor: The Lost Tapes, realizado por Nanette Burstein (Hillary, On the Ropes) e que, neste ano, fez parte da seleção oficial do Festival de Cinema de Tribeca e teve a sua estreia mundial no Festival de Cinema de Cannes.
Ter começado a carreira em Lassie (1942) e National Velvet (1944), contracenando primeiro com um cão e depois com cavalos, fez com que não a levassem a sério. Aos 16 anos, aparentava 24 e forjavam-lhe namoros para aparecer na imprensa. Liz Taylor cresceu depressa demais e pensou que ganharia maturidade quando casou, aos 18 anos, com Nicky Hilton, mas episódios de violência física e psicológica ditaram o rápido divórcio.
O documentário, que se estreia na plataforma Max, desenrola fotografias pessoais, vídeos amadores, outras entrevistas e imagens noticiosas, ilustradas com clipes dos seus papéis icónicos. Corre em paralelo a sua vida na tela, os filmes e os seus casamentos, conquistas e perdas, como a morte do segundo marido, o produtor Mike Todd, que morreu num acidente de avião.
Ao lado de Richard Burton, em Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, interpretou o seu papel mais difícil, dizendo sempre que tinha pouco talento e que gostava de ter feito melhor. O casamento do par romântico foi polémico e os holofotes sobre Elizabeth Taylor foram-se apagando, ao mesmo tempo que continuava a consumir drogas e álcool.
Em 1985, numa entrevista a Dominick Dunne, revelava que às vezes não se lembrava de quem tinha sido antes da fama. Nesse ano, a morte do grande amigo e confidente Rock Hudson despertou-a para a luta contra a sida e a defesa da comunidade LGBTQ, causas que a levaram a criar uma fundação e a lutar até ao fim.
Elizabeth Taylor: The Lost Tapes > MAX > Estreia 4 ago, dom > 100 min