Uma das coisas mais surpreendentes sobre o nosso mundo é a biodiversidade que existe, a variedade de organismos vivos, as suas diferenças e as relações entre si. Se olharmos atentamente para esta “teia da vida” reparamos como todas as espécies trabalham juntas para sustentar o equilíbrio ecológico na Terra.
Atualmente, existem mais de 8,7 milhões de espécies e, apesar de os humanos representarem apenas 0,01% da vida do planeta, são as suas ações que estão a comprometer a sua saúde e a matar milhões de animais e plantas. A perda de biodiversidade está a acontecer à velocidade da luz e, se não for controlada, pode ter consequências graves, afetando diretamente os humanos, comprometendo a produção de alimentos, a saúde e a regulação do clima.
A degradação dos ecossistemas e a perda de espécies tornaram-se tão alarmantes que, em 2017, os cientistas se referiram à situação como uma “aniquilação biológica”, alguns afirmando que a Terra está a entrar no seu sexto evento de extinção em massa.
Ver as populações de animais selvagens encolher é devastador. Mas a extinção de uma espécie inteira é uma tragédia a outro nível. Aliás, muito recentemente, cientistas da Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica concluíram que “todos os dias, até 150 espécies são perdidas”.
De acordo com o Relatório Planeta Vivo 2020 da WWF, desde 1970, 68% da população de vida selvagem foi perdida, 75% da nossa terra foi alterada, 66% dos oceanos impactados e 85% das áreas húmidas perdidas.
A conservação da natureza é, portanto, mais importante do que nunca e é complexo envolver a comunidade, porque apenas defendemos aquilo que nos é próximo e, por isso, salienta-se aqui a importância dos parques zoológicos, que permitem dar a conhecer as espécies, fornecendo ferramentas para que o Homem se consciencialize e valorize a necessidade de existir vida à sua volta.
Sabia que, ao manter membros de uma espécie ameaçada de extinção num Zoo, é criado um reservatório genético dessa população e, com a ajuda de programas de reprodução, as populações selvagens podem ser aumentadas com a introdução de novos animais criados em parques, reservas e associações? É verdade e, sem esses programas, as populações teriam menos indivíduos.
Bem sabemos que, para proteger os animais in situ, é preciso trabalhar em conjunto com biólogos, conservacionistas ou veterinários, mas também envolver as comunidades locais para assumir a liderança na exigência de ações a autoridades, governos e organizações.
Todos podemos contribuir para abrandar o ritmo de extinção da vida na Terra. O primeiro passo começa com a nossa preocupação e sensibilização. Depois, todas as decisões devem ser tomadas considerando princípios sustentáveis (embalagens que usamos, modos de cultivo ou fabrico de produtos que compramos, origem dos produtos, tipo de consumo de energia, entre tantos outros). Temos um longo caminho pela frente e um curto espaço de tempo para intervir. Somos muitos. Se cada um fizer um pouco, o impacto será enorme.
Em Portugal, o apoio aos parques zoológicos por parte das instituições públicas é muito reduzido, especialmente quando acreditamos que deveríamos trabalhar todos em conjunto para atingir os objetivos aprovados para a medida 30×30, a que Portugal se propôs em dezembro de 2022. Quantas pessoas já ouviram falar? Quem sabe do que se trata? Que medidas temos de tomar para proteger 30% do planeta Terra? Qual a urgência?
As instituições políticas têm o dever de reverter o caminho da extinção dos ecossistemas, mas falta iniciativa, estratégia e vontade de trabalhar com as organizações que se dedicam a esta causa. É essencial existir um caminho bem definido, com o apoio de instituições ligadas à Biodiversidade, como Zoos, Aquários, parques naturais, institutos de investigação ou universidades para que a diminuição da perda de vida selvagem seja alcançada. E não falamos “apenas” de salvar o lince-ibérico, a cabra-loura, a águia-real-ibérica ou o sobreiro. Falamos de garantirmos alimento, água, casas, oxigénio, medicamentos, energia, e tantas outras necessidades para a nossa sobrevivência.
É urgente recuperar a época de Ouro do nosso planeta, para que este volte a ser verde!