Vladimir Putin e Kim Jong-Un assinaram uma aliança de defesa inspirada na Carta do Atlântico Norte, que conterá o equivalente ao famoso artigo 5º, segundo o qual um ataque a um é um ataque a todos. Parece normal, tendo em conta os protagonistas, mas não é, nem de perto.
Putin pretende envolver diretamente a Coreia do Norte na guerra da Ucrânia, não apenas com o envio de armamento, como já acontecia. Se Moscovo reclamar que o seu território está a ser atacado – e os ucranianos já o fazem – Kim será obrigado a ajudar o seu parceiro estratégico com tudo o que tem. Isso permitirá uma escalada militar perigosa.
Em tese, este tratado permitiria à Coreia do Norte enviar milhares de soldados para a frente de combate na Ucrânia e usar parte do poderio militar de que dispõe. Em troca, teria o guarda-chuva nuclear russo e acesso a tecnologia e equipamento de que não dispõe.
Putin visitou Pyongyang com um único objetivo: amedrontar a NATO, Kiev, os EUA e o Japão, sem esquecer a tensão que está a causar na Coreia do Sul. Kim Jong-Un brilha de contentamento, montou uma feira popular para Putin e vai ganhar visibilidade no palco mundial. Vale a pena acrescentar que esta visita coincide com visíveis dificuldades militares russas na frente de Kharkiv.
À margem: alguém pensou, por um minuto, no bem que fizemos às gémeas e a dezenas de outras crianças que receberam o medicamento milionário? Alguém discutiria e investigaria se os medicamentos fossem baratos? Não se aplica aqui a teoria da proporcionalidade, que não é mais do que os médicos tomarem as decisões certas para tentar salvar crianças, sem preocupações com preços, cunhas e politiquices?
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.