Depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia no início deste ano, muitas empresas decidiram deixar de operar no país e a SAP foi uma delas. Em abril, o gigante alemão, em conjunto com outras como a Oracle ou a Salesforce, anunciou que iria seguir a tendência das empresas ocidentais e deixar de operar na Rússia, tendo estabelecido o fim deste ano como prazo máximo. Agora, cinco fontes próximas dizem que não há comprador para o negócio, o que pode levar ao adiamento da saída.
A SAP já avançou com o encerramento de centros de dados e de muitas operações na nuvem naquele país, mas alguns contratos de manutenção anual terão de ser assegurados por outra empresa e está a ser difícil encontrar um comprador. Caso os contratos não sejam honrados, os trabalhadores que gerem a divisão local da SAP na Rússia podem vir a ser considerados pessoalmente responsáveis. Um porta-voz da empresa explica que “estamos profundamente empenhados em reduzir o nosso negócio na Rússia o mais rapidamente possível. Alterações legais recentes no país, no entanto, limitam as nossas opções no que toca aos últimos passos da saída”, cita a Reuters.
O parlamento russo está a deliberar sobre a legislação que permitirá a Moscovo apreender os bens das empresas ocidentais que saiam e possivelmente perseguir os executivos que estejam a implementar as sanções decretadas pelo Ocidente.
A força de trabalho da SAP no país tinha 1250 empregados no início do ano, já foi reduzida significativamente e deve ficar abaixo dos 100 trabalhadores no final do ano. Entre os clientes, já estiveram gigantes da energia, da banca e da mineração, como Gazprom, Sberbank ou Nornickel, embora não se saiba se estas empresas ainda usam soluções SAP.
A redução de atividades da SAP já conduziu a algumas disrupções nestes setores, que geram milhares de milhões em receitas e que são vitais para a economia russa.
As obrigações contratuais, o receio de que os funcionários possam ser considerados pessoalmente responsáveis pelas saídas e a pressão legal russa têm vindo a dificultar as saídas das empresas do mercado russo, embora já centenas o tenham feito, abandonando por completo ou vendendo as operações a congéneres russos.