Arroz, leite, gel de banho ou repelente de mosquitos são bens que talvez nunca lhe tenha ocorrido levar para uma sala de cinema, mas em nome de uma boa causa, estes produtos podem garantir-lhe a entrada numa sala de cinema.
Até quinta-feira, 29, decorre a secção Cinema de Urgência no âmbito do festival documental Doclisboa (que termina no domingo). Nas edições anteriores a entrada nesta secção era gratuita mas, este ano, a organização decidiu estabelecer uma parceria com o Centro Português Para os Refugiados. Assim, cada espectador terá direito a um bilhete se oferecer, pelo menos, um dos itens da lista de bens que mais fazem falta aos refugiados que vão chegar ao nosso país em breve.
O diretor de festival Tiago Afonso, explicou que houve um “encadeamento” que contribuiu para o lançamento da campanha: “Primeiro a urgência do tema, depois o aparecimento de diversos filmes sobre o tema e depois o sentimento de tentar fazer alguma coisa mais prática e tentar ajudar de uma forma mais clara”.
A secção Cinema de Urgência inclui filmes que nem sempre são feitos para passarem numa sala de cinema, mas que resultam da urgência de tratar um tema importante. Muitas vezes, o seu primeiro destino é a internet, com o objetivo de revelar situações que exigem uma solução.
Claro que um dos temas mais presentes na edição deste ano é o drama dos refugiados. Muitos dos filmes são gravados pelos próprios refugiados que, com a ajuda de um telemóvel, filmam o seu percurso e as dificuldades que encontram pelo caminho. Alguns desses registos são visíveis no filme Growing Home, um dos vários que será hoje exibido no Cinema São Jorge, em Lisboa, o local onde serão apresentadas as sessões do Cinema de Urgência, sempre às 21h30.
Na sessão de amanhã, 29, o destaque vai para vários filmes que refletem sobre o acesso à habitação na Península Ibérica. No final de todas as projeções é sempre aberta a discussão com a presença de convidados. Consulte a programação completa aqui.