O presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), Fernando Jorge, disse hoje estar “muito preocupado com o mau funcionamento” da plataforma CITIUS, sublinhando que está instalado o caos nos tribunais.
“O que está a acontecer nos tribunais é um pandemónio. Uma situação impensável. As pessoas querem trabalhar e não conseguem e agora vem o IGFEJ dizer que já temos acesso às funcionalidades do CITIUS. Isto significa mais trabalho para os funcionários judiciais”, disse Fernando Jorge a propósito da garantia dada na segunda-feira pelo ministério sobre estar assegurado o “acesso pleno a todas as funcionalidades da plataforma CITIUS”, que suporta a atividade dos tribunais e das novas comarcas.
O sindicalista salientou que a plataforma está bloqueada, não permitindo o acesso a 3,5 milhões de processos que migraram com a reforma do mapa judiciário, lembrando que o trabalho “vai duplicar para os já tão poucos” profissionais.
IGFEJ garante funcionamento pleno desde ontem
O Instituto de Equipamentos da Justiça anunciou que está assegurado, a partir de hoje, o “acesso pleno a todas as funcionalidades da plataforma CITIUS” que suporta a atividade dos tribunais e das novas comarcas.
Em comunicado, o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) explica que a plataforma “irá conter, neste primeiro momento, todos os novos processos instaurados após 15 de setembro, apensos e demais informação associada, que seja submetida eletronicamente pelos mandatários das partes”.
De igual modo, nos tribunais, os juízes, os magistrados do Ministério Público e os funcionários judiciais poderão, durante o dia de hoje, tramitar eletronicamente quaisquer peças processuais respeitantes a novos processos que não se encontrem, de alguma forma, ligados a processos anteriormente instaurados”, refere o IGFEJ.
O CITIUS é um programa informático que permite a entrega em tribunal de peças processuais e de documentos por via eletrónica com assinatura digital, dispensando-se o envio de cópias em papel.
Ainda a propósito do CITIUS, que registou anomalias nos primeiros 15 dias do novo mapa judiciário, o IGFEJ adianta que, agora e adicionalmente, será possível utilizar o novo sistema para transferir eletronicamente qualquer processo anterior a 01 de setembro, e aí praticar qualquer ato sobre o mesmo.
“Ou seja, qualquer urgência ou necessidade de trabalhar sobre um processo que não esteja no novo sistema, fica salvaguardada com a possibilidade da sua transferência eletrónica para o novo sistema”, garante o IGFEJ, através do seu Conselho Diretivo.
Segundo o IGFEJ, adicionalmente, qualquer informação em suporte eletrónico que seja entregue junto das Comarcas, poderá ser arquivada eletronicamente no novo sistema, para posteriormente ser associada a processos anteriores a 01 de setembro e desta forma garantir a segurança da mesma e o acesso por parte dos magistrados e funcionários judiciais.
O IGFEJ sublinha que proceder-se-á, depois, de forma gradual, conforme recomendação do Grupo de Trabalho para a Implementação da Reforma da Organização Judiciária, comarca a comarca, à integração plena de toda a informação processual anterior a 01 de setembro na nova versão da plataforma CITIUS já ajustada à nova organização judiciária.
Por último, esclarece que o procedimento utilizado para a migração salvaguardou toda a informação anterior a 01 de setembro, “sendo possível, a qualquer momento, recuperar os dados em falta, tanto mais que o CITIUS com a estrutura anterior foi prévia e integralmente salvaguardado”.
As falhas do CITIUS no arranque do novo mapa judiciário e os transtornos causados nos tribunais motivaram críticas da Ordem dos Advogados, Sindicato dos Funcionários de Justiça, Sindicatos dos Oficiais de Justiça, Associação Sindical dos Juízes e Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e levaram o PS socialista a pedir a demissão da ministra da Justiça, enquanto o PCP optou por pedir a audição urgente de Paula Teixeira da Cruz no Parlamento.