Na última intervenção que fez enquanto secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa não fugiu muitas vezes ao guião, mas acabou com um improviso: “O vento está duro e muito forte, fustiga-nos o rosto, mas nunca hão de ver-nos levar com ele de costas, porque estaremos sempre virados para a frente, em todo o nosso projeto, do nosso ideal, do nosso partido!”
Na abertura dos trabalhos da Conferência Nacional do PCP, em Corroios, concelho do Seiçal, Jerónimo de Sousa falou de passar “o testemunho”, que vai acontecer hoje à noite quando o Comité Central votar o nome de Paulo Raimundo para seu sucessor.
“Aqui estamos, transportando o testemunho que gerações de comunistas nos legaram e que as atuais e novas gerações conduzirão com a mesma confiança na justeza da nossa luta e do nosso Partido em demanda da sociedade nova”, referiu, arrancando fortes aplausos dos delegados e militantes que preenchem o pavilhão do Alto do Moinho.
E finalizou com entusiasmo e fitando os “camaradas” que o escutavam: “Viva o partido comunista! Viva o partido comunista português”.
Seguiram-se aplausos, intercalados com punhos no ar e as palavras de ordem “PCP/PCP” e “assim se vê a força do PC”, e “PCP/Partido Comunista Português”, durante cerca de cinco minutos.
Paulo Raimundo, o homem que se segue na linha de sucessão do PCP em democracia, esteve quase sempre na mesma posição durante os 37 minutos que Jerónimo de Sousa discursou, levantando as sobrancelhas ocasionalmente quando o secretário-geral cessante ‘carregava’ em algum tópico. Nos momentos finais do discurso olhou-o fixamente e amanhã é a sua vez de puxar “pela força do PC” na primeira intervenção.
AFE // SF