A ocupação da central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, pelo exército russo, entre 24 de fevereiro e final de março, foi “muito, muito perigosa”, denunciou hoje o chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), em visita ao local.
“A situação era absolutamente anormal e muito, muito perigosa”, afirmou Rafael Grossi em declarações aos jornalistas durante uma visita a Chernobyl, no dia em que se assinalam 36 anos do pior desastre nuclear da história, ocorrido em 1986.
O diretor-geral da AIEA é acompanhado na visita ao local por uma equipa de especialistas “para entregar equipamentos vitais”, incluindo dosímetros e fatos de proteção, e realizar “controlos radiológicos e outros”, informou a agência da ONU na passada sexta-feira.
Os peritos devem “reparar sistemas de monitorização remota, que deixaram de transmitir dados para a sede” da agência, em Viena (Áustria), logo após o início da guerra.
O local onde se situa Chernobyl, 150 quilómetros a norte de Kiev, foi ocupado pelos militares russos em 24 de fevereiro, o primeiro dia da invasão da Ucrânia, e teve então uma paragem da rede de energia e comunicações.
Os soldados russos retiraram-se a 31 de março e, desde então, a situação voltou gradualmente à normalidade, de acordo com os relatórios diários da AIEA, com base em informações do regulador ucraniano.
Rafael Grossi já tinha visitado a Ucrânia no final de março para lançar as bases para um acordo de assistência técnica, tendo na altura visitado a central elétrica do sul de Yuzhno-Ukrainsk, antes de se encontrar com altos funcionários russos em Kaliningrado, nas margens do Báltico.
A Ucrânia tem 15 reatores nucleares em quatro centrais elétricas em funcionamento, além de depósitos de resíduos, como é o caso da central de Chernobyl, que foi desativada depois do desastre de 1986.
Um reator de Chernobyl explodiu em 1986 contaminando grande parte da Europa, mas especialmente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia, que integravam a URSS. Denominada zona de exclusão, o território num raio de 30 quilómetros em redor da central ainda está fortemente contaminado e é proibido viver lá permanentemente.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
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