Dvontaye Mitchell, um norte-americano negro, de 43 anos, morreu na passada quarta-feira, dia 3 de junho, à porta de Hotel Hyatt Regency, no estado do Wisconsin, nos Estados Unidos, após ter sido agarrado à força por quatro seguranças do estabelecimento. Segundo as informações da polícia, o confronto entre Mitchell e os seguranças terá tido início ainda dentro do hotel, após Mitchell ter, alegadamente, provocado “distúrbios” e “lutado com os seguranças enquanto o retiravam para a rua”. O momento de imobilização de Mitchell por parte dos seguranças foi captado por testemunhas presentes no local, tendo-se tornado rapidamente viral nas redes sociais. As circunstâncias que terão levado à morte do norte-americano – que deixou dois filhos de 6 e 8 anos – estão a levar a comparações com a morte de George Floyd, em 2020.
No vídeo pode observar-se o momento em que Mitchell é expulso do hotel e imobilizado pelos seguranças, com um a colocar o seu joelho nas suas costas enquanto outro lhe segura as pernas. Um terceiro segurança pode ainda ser visto a usar a força para impedir que o homem se levante. Mitchell é também ouvido no vídeo a gritar várias vezes por ajuda, enquanto um dos guardas lhe ordena que permaneça deitado. A certa altura do vídeo, é ainda possível ouvir um dos guardas dirigir-se às testemunhas que se encontravam no local a filmar e gritar: “Isto é o que acontece quando se vai à casa de banho das senhoras!”, ouve-se. “Entrar na casa de banho das mulheres “não devia ser uma sentença de morte”, pode ler-se no comunicado entretanto emitido pela defesa de Mitchell, onde a família refere ainda o seu historial com problemas de saúde mental, admitindo que o mesmo poderia estar a sofrer uma crise.
Ainda não está confirmado que tenha sido este o incidente na origem da altercação entre a segurança do hotel e Mitchell.
À revista TIME, o Departamento de Polícia de Milwaukee referiu existir uma investigação em curso, recusando-se a confirmar a identidade do indivíduo e do estabelecimento onde ocorreu o incidente. Segundo as autoridades, o homem terá sido detido pelos seguranças do hotel até à chegada da polícia que, já no local, verificou que Mitchell já não se encontrava consciente. A morte foi confirmada depois da realização de manobras de salvamento. Segundo os resultados da autópsia preliminar realizada pelo Gabinete do Médico Legista do Condado de Milwaukee, a morte de Mitchell é considerada um homicídio, estando a causa final do seu óbito ainda sob investigação.
Em conferência de imprensa, na passada segunda-feira, dia 8 de junho, junto ao hotel, o advogado da família assinalou a utilização de “força excessiva” por parte dos seguranças, o que terá levado à morte de Mitchell que se encontrava “desarmado”. O advogado da família apelou ainda a uma investigação contra os seguranças envolvidos no incidente, referindo-se às circunstâncias da morte de Mitchell como “perturbadoras” e que, “conforme descrito por uma testemunha, fazem lembrar o assassinato de George Floyd”. “É profundamente preocupante que tenhamos perdido outro homem negro num confronto com pessoal da segurança, o que levanta sérias preocupações sobre o uso da força, falta de responsabilização e ausência de considerações sobre a saúde mental”, referiu. Durante a conferência, dezenas de pessoas reuniram-se do lado de fora do hotel, como forma de protesto, segurando cartazes com a frase “Justiça para Dvontaye”.
O vídeo que circula pelas redes sociais tem gerado comparações com o homicídio de George Floyd, que morreu a 25 de maio de 2020, após ter sido imobilizado pelo joelho de um agente da polícia que pressionou o seu pescoço durante quase dez minutos. A morte de Floyd, também muito partilhada na internet, resultou numa onda de protestos contra a violência policial e o racismo pelos EUA e que está na origem do movimento #BlackLivesMatter. “Depois de George Floyd, todos na América deveriam treinar os seus funcionários, especialmente as forças de segurança, para não colocarem os joelhos nas costas e no pescoço das pessoas. E quando as pessoas estiverem com problemas para respirar, não as mantenham deitadas”, refletiu Crump.
Já um porta-voz do hotel referiu que o mesmo “ainda está a concluir a sua investigação e, até à data, suspendeu os seus funcionários envolvidos no incidente”. “Estendemos as nossas sinceras condolências à família de Dvontaye Mitchell, a todos aqueles que o conheciam e amavam, e à comunidade de Milwaukee à luz desta tragédia”, refere.