Antes que, nesta “cimeira” entre todos (debate com os oito cabeças de lista dos principais partidos), houvesse “encontros bilaterais” (como as discussões paralelas entre Marta Temido e Sebastião Bugalho, por causa de Ursula van der Leyen e a sua suposta aproximação à extrema-direita, por causa do pacto de imigração e por causa da visita de Zelensky), o início do debate definiu as duas correntes em presença: a propósito das novas regras orçamentais, PS, AD e IL estiveram de acordo (no apoio). Chega, CDU e BE estiveram de acordo. Contra. Assim se vê a linha (vamos chamar-lhe vermelha) entre o europeísmo e o euroceticismo. Na síntese, a crítica de Tânger Correia, do Chega, soou como um elogio: “PS e PSD, na Europa, estão de acordo, no essencial”.
No fundo, no que respeita a dinheiros, Catarina Martins desenvolveu a sua tese de que “a Europa funciona bem quando quebra as regras”. Noutra versão, Cotrim de Figueiredo acha que a Europa responde bem a emergências. Já João Oliveira (CDU) insurge-se contra o facto de as regras não estarem adaptadas aos paísees, ou seja, num mesmo espaço comum, preferia regras a la carte.
Na linha do anterior debate, Marta Temido foi muito crítica sobre o consulado de Van der Leyen, mas talvez o PS esteja a esquecer-se de que, se a Comissão Europeia passar a ser liderada por um socialista, António Costa não terá hipóterse para o Conselho Europeu. Ou será que, secretamente, o PS deseja Costa presidente da Comissão?… Já lá esteve um português, portanto, num caso desses, o lugar iria para… Pedro Sanchez. Por outro lado, o PS parece ter-se esquecido da alegre relação do seu antigo primeiro-ministro com Van der Leyen e da célebre frase: “Já posso levantar o cheque?”
Na Ucrânia, João Oliveira, paralisado de medo face “à ameaça nuclear russa”, foi igual a si próprio: se as suas teses vingarem, temos um candidato óbvio ao Prémio Nobel da Paz. Os outros mantiveram-se firmes, ao lado da Ucrânia, mas com nuances à esquerda (ver em baixo o momento populista de Catarina Martins). No resto, a sensação de que o debate foi dominado pelos experimentados em TV, com um papel modesto para os novatos (Paupério, do Livre, e Fidalgo, do PAN).
A frase
“A minha geração está em crise desde 2008” (Francisco Paupério)
A farpa
João Cotrim de Figueiredo arruma Catarina Martins com o apoio ao Siryza – o mesmo partido que fez uma coligação com um partido de extrema-direita xenófobo e racista.
O momento populista de…
João Oliveira (dramático): “O Carlos Daniel quer que os seus filhos e os filhos dos outros sejam mandados para a guerra?”
Catarina Martins (escandalizada): “Os generais de sofá que nos querem mandar para a guerra”.
Sebastião Bugalho (eufórico): “Hoje [dia da visita de Zelensky] foi um dia de festa para a democracia!”
Marta Temido (convenientemente chocada): “Um dia de festa?! Quando recebemos o presidente de um país em guerra, com os ucranianos a morrer?!”
15 minutos de fama
Tânger Correia a usar os seus conhecimentos de embaixador, explicando os vários momentos da diplomacia, para um acordo de paz. E com uma certa lógica legalista na recusa, para já, da Palestina como Estado [“Sem se saber quem governa e sem continuidade territorial”].