“Trata-se de uma embarcação de fabrico nacional, toda ela construída com recurso a materiais sustentáveis, estando em linha com uma nova estratégia que a Fundação Côa Parque [FCP] quer implementar no Parque Arqueológico do Vale do Côa [PAVC], de acordo com as orientações definidas pela Organização das Nações Unidas [ONU] através da agenda 2020-2030 “, explicou à Lusa a presidente desta Fundação, Aida Carvalho, aludindo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em termos socioeconómicos e ambientais.
De acordo com a responsável, todo o processo de escolha do modelo da embarcação, movida a energia solar fotovoltaica, obedeceu a critérios rigorosos já que há uma forte aposta na sustentabilidade do território do Vale do Côa e do PAVC.
“Esta nova embarcação eletro-solar vem reforçar a oferta de visitação às gravuras rupestres do Vale do Côa, porque vai acrescentar ao que já existia – como a visita em caiaque, a nado, por caminhadas ou com recurso a viaturas todo-o-terreno – uma outra forma de contemplar o património aqui existente, datado do Paleolítico Superior, a partir do leito do rio Côa”, concretizou Aida Carvalho.
Segundo os responsáveis pela FCP, a leitura das gravuras rupestres, com mais de 25 mil anos, é diferente se for feita do rio para as suas margens, por causa da perspetiva. “É muito diferente”.
A embarcação estará pronta a receber visitantes a partir de meados do próximo mês de julho, e vai operar num troço de rio de mais de três quilómetros, entre o novo cais da Canada do Inferno e o novo sítio de visitação, onde se encontra o maior painel de arte rupestre conhecido ao ar livre, localizado no ponto arqueológico do Fariseu.
Segundo a presidente da FCP, foi necessário capacitar um grupo de guias que vão operar esta embarcação eletro-solar, com formação específica e respetiva carta de marinheiro, exigida para este tipo de barco.
Aida Carvalho destaca ainda o potencial deste tipo de turismo, já que conjuga uma atividade ao ar livre, o uso de produtos endógenos e a descoberta de um património único, classificado como Património Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Esta embarcação foi construída por uma empresa portuguesa, com sede em Olhão (Faro), com recurso a tecnologia e ‘design’ nacional.
“Trata-se de uma embarcação totalmente aberta e preparada para passeios fluviais e marítimos, destinados a grupos de pessoas. A construção foi feita com recurso a técnicas e materiais nacionais, com exceção dos motores e painéis solares”, explicou o empresário responsável pela construção do novo barco, João Bastos.
A embarcação tem sete metros de comprimento, capacidade para 12 pessoas, é completamente autossustentável e atinge uma velocidade de cruzeiro na casa dos cinco nós (cerca de 9,2 quilómetros por hora).
“Outras das características da embarcação é que não produz ruído, estando preparada para navegar em ambientes sensíveis como é o caso do vale do rio Côa, onde nidificam espécies protegidas”, indicou.
O PAVC foi criado em agosto de 1996. A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património da Humanidade, pela UNESCO.
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