Num documento do processo a que a Lusa teve hoje acesso, o Procurador da República Marinho de Sousa considera adequada a suspensão do processo por entender que os arguidos “não atuaram com um grau de culpa elevado”, tendo ainda verbalizado arrependimento aquando dos interrogatórios.
Os arguidos estavam a ser investigados pela prática de um crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência.
Com esta decisão do MP, que mereceu a concordância do Juiz de Instrução Criminal, o processo fica suspenso provisoriamente durante um ano, sendo que no prazo de três meses cada um dos arguidos terá de pagar 1.000 euros ao Estado.
Os arguidos terão ainda de efetuar um pedido de desculpas ao ofendido, através da publicação de um anúncio num jornal desportivo local, e ficam interditos de aceder a qualquer recinto desportivo como espetadores, onde decorra um espetáculo desportivo de qualquer modalidade, profissional ou amador, por um período de um ano.
Durante o período de suspensão do processo, os arguidos terão ainda de comparecer e permanecer junto do órgão policial da sua área de residência sempre que a equipa principal do Vitória de Guimarães jogar, a nível nacional ou internacional.
O advogado dos arguidos, Pedro Carvalho, disse à Lusa que os seus clientes já tinham tomado a iniciativa de comunicar ao processo estarem disponíveis para pedir desculpas pessoais a Marega.
“O Ministério Público com a concordância do Juiz de Instrução e do Vitória Sport Clube, e sem oposição do Moussa Marega, aceitaram esse pedido de desculpas que deverá ser público e dirigido não só a Moussa Marega mas também ao Vitória Sport Club, uma vez que o clube veio a ser injustamente penalizado pela atitude de alguns adeptos, comportamentos esses ao qual aquele era alheio”, refere.
O advogado refere ainda que os arguidos pretendem pôr fim a este processo e também, com esta atitude, “responsabilizar-se pelos seus atos aos quais o Vitória Sport Clube, os vitorianos e os vimaranenses são alheios e que, no entanto, estavam aqueles a ser julgados indevidamente na praça pública”.
O caso remonta a 16 de fevereiro de 2020, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, durante o jogo de futebol entre o Vitória de Guimarães e o FC do Porto, a contar para a 21.ª jornada da I Liga de futebol da temporada 2019/20.
Por volta do minuto 70, pouco depois de ter marcado um golo, Marega pediu para ser substituído e acabou mesmo por abandonar o relvado, agastado com cânticos de natureza racista que lhe estavam a ser dirigidos por adeptos do Vitória, com sons a imitar macacos.
JDN / AJO