Como “uma peça de artesanato, daquelas que demoram algum tempo a moldar”. É assim que Rui Reininho apresenta à VISÃO o seu novo disco a solo, 20 000 Éguas Submarinas (edição Turbina), um trabalho inspirado no som do mar, que subverte o título do célebre clássico literário de Júlio Verne, e no qual o eterno vocalista dos GNR assume uma surpreendente faceta experimental – baseada na tradição budista das taças e dos gongos tibetanos. Nunca o ouvimos assim. Mais de uma década passada da estreia a solo com Companhia das Índias (2008), um disco bastante mais próximo do imaginário pop-rock dos GNR, Rui Reininho aventura-se novamente em nome próprio. Ou, melhor dizendo, “a meias” com o “companheiro de estrada” Paulo Borges, velho colaborador de palco da sua banda de sempre: “É preciso desmistificar a ideia do álbum a solo, não só por uma questão de competência, mas também porque uma pessoa tem de aprender a ouvir-se através dos outros”, sublinha.
E é isso mesmo que o músico português faz neste álbum tão singular, e em que assume como figura tutelar a terapeuta musical holandesa Jacomina Kistemaker, de quem se tornou discípulo nestes últimos anos. “Foi ela a inspiração que espoletou isto tudo”, afirma Rui Reininho.