Alfredo Moreira da Silva, 65 anos, fala com orgulho da bicharada que faz da Herdade da Matinha o seu refúgio. Saca-rabos, lince-ibérico, cobras, insetos, aves habitam os 110 hectares de terreno que se entendem num vale entre os dois picos mais altos da serra do Cercal. Subindo ao topo, em dias de tempo limpo, vê-se aquela costa que nos corta a respiração, de Monchique até à Arrábida.
Alfredo e Mónica Belleza, então sua mulher, tropeçaram nesta propriedade alentejana em 1995 e nela viram qualquer coisa que ainda ninguém tinha visto, “campo e um projeto inovador”, como descreve Alfredo, inspirado nas suas estadas na Austrália. “Existia turismo rural e de habitação no Minho e no Alentejo, mas era tudo com cheiro a mofo, pesado, em casas difíceis de aquecer. Queríamos fazer uma coisa com cultura, com saber viver, trazer qualidade de vida e provar que é possível viver com conforto no campo.” Olhando para aquelas serras amarelas, secas, perceberam que eram terras pobres para a agricultura e decidiram “repor a verdade”, replantando o terreno com árvores autóctones. Sobreiros, medronheiros e pinheiros-mansos foram crescendo à medida que se ia erguendo a casa principal e se multiplicavam os quartos. Ao início, em 1998, quando abriu o hotel, havia quatro, atualmente há 35 espalhados por outros edifícios, entretanto recuperados.
“Queríamos provar que é possível viver com conforto no campo”, diz Alfredo Moreira da Silva, da Herdade da Matinha
Rota Vicentina
Num estudo acabado de divulgar, o número de caminhantes na região situa-se entre os 28 Mil e os 32 mil