Falar de comida à mesa. O hábito é 100% português e não olha a idades, géneros nem classes. É prazeroso, até. Os tachos podem estar cheios e a barriga vazia, ou vice-versa, já se sabe que o assunto irá recair sobre uma receita, um segredo, um restaurante especial. Com Ana Bacalhau, a convidada de capa deste segundo número da PRIMA à Mesa, não foi diferente. A primeira entrevista com a cantora aconteceu num restaurante vegano de Lisboa e durante hora e meia trocaram-se nomes de restaurantes, hábitos alimentares, pratos que emocionam. Era, claro, o intuito da conversa, mas o que descobrimos foi uma artista que, ao fim de alguns anos, encontrou um caminho que parece cada vez mais o certeiro no mundo: a alimentação equilibrada. Há alguma proteína animal, há muito vegetal, mas há sobretudo sabor e memórias – mesmo que isso signifique trocar as carnes da feijoada por cogumelos, confessa.
E é também com equilíbrio entre o que faz bem ao planeta e o que nos faz bem a nós que servimos os outros pratos desta edição. Damos espaço a receitas de sobremesas tradicionais portuguesas, mas também às verdades sobre a alimentação saudável; descobrimos o cada vez mais popular mundo da sidra e dissertamos sobre picantes, ervas e especiarias e pão artesanal feito por mulheres (de força). Num mundo cada vez mais virado para as experiências, falamos da nova tendência de turismo gastronómico, com projetos interessantes, a acontecer em propriedades de norte a sul do País, que junta gente à mesa, à volta de um produto, de um chefe, de um vinho. É a comida que os move e, podemos apostar, é também ela o mote da conversa.
Editorial da PRIMA 18