Acordo de Paris

Assumindo que todos os compromissos climáticos apresentados pelos países são implementados, atingiremos uma temperatura média anual no final do século entre 2,5 e 2,9 ºC acima dos níveis pré-industriais e bem acima dos objetivos definidos no Acordo de Paris

As altas temperaturas de janeiro passado ajudaram a que os 12 meses entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024 superassem a marca simbólica de 1,5º C acima do período pré-industrial – pela primeira vez, a meta do Acordo de Paris foi ultrapassada no período de um ano. Desde junho que todos os meses são os mais quentes desde que há registos

Em 2022, as empresas de combustíveis fósseis pagaram mais de 50% dos seus lucros (mais de 100 mil milhões de euros) em dividendos. Já o valor que investiram em energias renováveis e em inovação foi residual

A Organização Meteorológica Mundial dá 66% de possibilidade de a temperatura média global atingir, até 2027, um aumento de 1,5º C face à era pré-industrial. Em 2015, os países comprometeram-se a tomar medidas para garantir que a temperatura não subia mais de 1,5º C até ao final do século

Saiu hoje o sumário do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC – um trabalho de oito anos com a melhor ciência climática disponível, a que Guterres chamou de “guia prático para desarmar a bomba-relógio climática”. As conclusões não são otimistas: caminhamos para um aumento de 2,8º C, e o limite de 1,5º C de aumento de temperatura deverá ser ultrapassado em breve

As empresas de combustíveis fósseis registaram lucros recorde e fugas incompreensíveis. Num contexto em que precisamos de reduzir as emissões globais em 45%, até 2030, mas em que atualmente se prevê um aumento destas de 15%, ou esses lucros são investidos na transição energética ou devem ser fortemente taxados

Se o Governo tivesse um compromisso sério com as compras públicas ecológicas – e, já agora, também com a dívida pública verde –, o País podia mesmo acelerar a sua transição para um modelo de desenvolvimento sustentável e ser um exemplo para o mundo

Quando deixei o XXI Governo Constitucional, recebi ameaças absurdas. Desde a publicação de notícias falsas a meu respeito, até à de nunca mais conseguir emprego em Portugal, pois seria vítima de perseguição “até à morte” de duas entidades bem conhecidas (uma política, a outra civil). Há muito a fazer para que os partidos sejam escolas de cidadania, não agências de emprego e influência, e para que os seus métodos nunca se confundam com os da máfia napolitana

Depois dos direitos reprodutivos das mulheres, o ambiente: a maioria conservadora no Supremo Tribunal americano, que a semana passada decidiu que os Estados podem impedir a interrupção voluntária da gravidez, diz agora que a Agência de Proteção Ambiental não tem o direito de regular as emissões de gases com efeito de estufa das centrais de produção de energia. Esta decisão vai prejudicar o combate às alterações climáticas

Daqui a quatro anos, as emissões globais de gases com efeito de estufa têm de estar já a descer, diz o IPCC no seu último relatório

Após as eleições, é urgente uma ecogeringonça, capaz de repensar o nosso modelo de crescimento, de o dotar de maior competitividade e sustentabilidade – algo que deveria ter acontecido a montante do Plano de Recuperação e Resiliência em curso

A cimeira do clima terminou com discursos moderadamente otimistas de líderes políticos. Mas o documento final fica muito, muito aquém do que é necessário para que o mundo fique abaixo de um aumento de temperatura de 1,5 ºC. E uma alteração nos últimos minutos mantém o carvão bem vivo. Quem perdeu? Os mais pobres

Estudo australiano revela que o cumprimento, se o planeta não aquecer mais de 1,5º C, ainda é possível salvar os corais. Mas as perspetivas não são boas: mesmo que todas as promessas de redução de emissões fossem cumpridas, o Acordo de Paris é já pouco mais que uma miragem

“Uma pequena elite parece ter passe livre para poluir”, diz a organização não-governamental Oxfam. Um estudo conclui que, se nada for feito, os países que fazem parte do leque do 1% mais ricos conseguem, sozinhos, comprometer o objetivo de evitar o aquecimento acima do 1,5 ºC

É preciso começar a correr atrás do prejuízo e todos os minutos contam. Esta é a principal mensagem da COP26, face à iminência de catástrofes climáticas. Na cimeira que começa este domingo em Glasgow, quase 200 países vão negociar um plano de ação decisivo, com o foco em quatro grandes objetivos

Se as negociações da COP26 falharem, se não cumprirmos o Acordo de Paris, teremos de nos habituar a um mundo metade em chamas, metade em cheias

Mariana Rodrigues, do grupo de ativismo Climáximo, diz que governantes e instituições não estão a fazer o suficiente para baixar as emissões de gases com efeito de estufa – e garante que os movimentos pelo clima vão voltar a sair à rua em massa para exigir ações concretas

O presidente eleito dos EUA não vai permitir a construção da infraestrutura, com quase 2 mil km. A decisão não é uma surpresa, mas fazê-lo no primeiro dia do mandato tem um peso simbólico para o combate à crise climática. Trump dera luz verde ao projeto, ignorando os protestos de ambientalistas e nativos norte-americanos