Menção Honrosa
A iniciativa Agora o Escritor És Tu!, da VISÃO Júnior, desafiou os alunos do 5.º ano a continuarem o livro Contos e Lendas de Portugal e do Mundo, de João Pedro Mésseder, e a desenharem uma nova capa.
Continuação do conto “A Gaita Milagrosa”
Depois destes acontecimentos, uma ideia luminosa se acendeu na cabeça do gaiteiro: e se emitisse na rádio a música da gaita? Isso seria sinónimo de milhões de pessoas a bailarem. Como seria genial!
Começou logo a delinear um plano para concretizar esse objetivo. Então, foi falar com o diretor que era conhecido como sendo uma pessoa muito rude e, como se isso não bastasse, ainda desatou a rir desta ideia. Porém, o tocador decidiu pô-lo à prova e, num abrir e fechar de olhos, puxou da sua gaita e tocou-a. O diretor começou a dançar por vontade imprópria e com um ar muito assustado. Uns minutos mais tarde, implorou para que o gaiteiro parasse de tocar e disse-lhe que a sua música podia passar na rádio.
Ora, tudo isso trouxe muito reconhecimento ao gaiteiro e, por onde quer que passasse, ouvia o murmúrio das pessoas:
– Ali vai o gaiteiro e a sua gaita mágica!
E ele ficava muito orgulhoso.
Tal foi a expansão da sua fama que uma terra longínqua, para lá dos montes, ouviu falar deste homem. De imediato, o rei ordenou aos seus guardas:
– Vão à procura do tal gaiteiro e tragam-no até mim. Só podem regressar quando o tiverem.
Com a persistência que uma ordem real exige, acabaram por encontrar o homem e detiveram-no.
– Que está a acontecer? – perguntava o gaiteiro assustado.
A esta pergunta não obteve resposta, apenas foi empurrado brutamente para dentro de uma carruagem. Ele só não conseguia perceber o porquê de tamanha brutalidade.
Após alguns dias de viagem, chegaram ao castelo real. Lá o gaiteiro encontrou o rei com um olhar sombrio e melancólico como se reinasse no meio de uma escuridão profunda.
O rei estava completamente desesperado e até ofereceu uma enorme fortuna ao tocador se este conseguisse realizar o seu sonho. Perante tanta aflição, o gaiteiro, que era um homem muito bondoso, prontificou-se logo a ajudá-lo.
Dava-se o caso de o rei ter uma filha, a princesa Cecília, que vivia fechada no seu quarto e que nunca tinha dado um sorriso desde que nasceu. Parece que havia sido amaldiçoada ao nascimento…
A princesa era muito linda e logo os dois jovens trocaram olhares numa grande cumplicidade. Deve ter sido amor à primeira vista!
Num impulso, ele tirou a gaita e desatou a tocá-la como nunca.
No rosto da princesa apareceu um magnífico sorriso e começou logo a dançar loucamente. Era uma alegria tão contagiante que todos os presentes, incluindo o rei e a rainha, dançaram em sintonia.
– É o meu herói! – dizia a princesa, visivelmente feliz.
O rei, perante tamanha alegria, ordenou que preparassem um banquete para todos festejarem o grande milagre.
No final da festa, o rei ofereceu-lhe uma fortuna, mas foi recusada, pois o que o gaiteiro mais desejava era casar com a princesa. E assim foi: o gaiteiro desposou a princesa e viveram felizes para sempre.
Conta-se que nunca mais se ouviu o som da gaita. Os mais atrevidos dizem que o tocador, afinal, só andava à procura da sua amada e, justamente, que com a ajuda da gaita conseguiu realizar o seu íntimo desejo.