Menção Honrosa
Desta vez, os vencedores da iniciativa Agora o Escritor És Tu!, criaram histórias para continuar o livro Estranhões e Bizarrocos de José Eduardo Agualusa.
Continuação da história:Sábios como camelos
O pastor, no palácio, também recebia um camelo para ouvir histórias. Ele ia com um adax, amigo do pastor, para ninguém perceber que não era só o grão-vizir que tinha direito a histórias. O primeiro título foi “A girafa que comia estrelas”, o segundo título foi “O pai que se tornou mãe”, … (adaptação do texto do Pedro)
O adax repetia as histórias com partes de terror. Alguns camelos ficavam assustados e começavam a ter vontade de saírem do palácio, para o deserto.
(adaptação do texto do José)
Certo dia, no palácio do grão-vizir, acabou a água. Então, todos os camelos, mesmo os camelos sábios, juntaram-se e a maior caravana de sempre seguiu para um oásis. (adaptação do texto do Rúben)
À noite, durante o caminho, um camelo com saudades da comida do deserto aproximou-se de duas ervas à vista, na areia. Era a cobra chifruda do deserto que estava escondida debaixo da areia e apenas tinha os dois chifres à vista.
O pastor ouviu aquele som que as cobras fazem antes de morderem e mandou o camelo afastar-se.
– Calma! Devemos ficar calmos, esta cobra só ataca se nos aproximarmos. – disse o pastor.
Alguns camelos fugiram a sete pés.
– Esta cobra é venenosa, mas não mata. – disse outro pastor.
(adaptação do texto do Rúben, da Sara, da Simone e do Tiago)
Mais tarde, encontraram um escorpião desorientado, fugia de um feneco. O escorpião passou por entre as pernas de vários camelos. A caravana parou. Alguns camelos começaram a cuspir para o escorpião, eles sabiam que alguns escorpiões podem até matar pessoas. Logo a seguir, veio o feneco, com as suas grandes orelhas a tentar perceber onde estava aquele escorpião saboroso.
– Não é preciso terem medo! O feneco vai come-lo daqui a nada. – disse um pastor. (adaptação do texto da Simone)
Por fim, encontraram um oásis, cada camelo levou mais de 200 litros de água, na rahla.
A cáfila toda seguiu para o palácio, menos a Aba. Tinha descoberto uma zona com muitas tamareiras. Muitas, não! Imensas! Ela adorava tâmaras.
Mais tarde, quando ela estava a beber água, de repente, apareceu-lhe um crocodilo que tentou atacá-la, mas ela escapou. Porém, logo a seguir, desmaiou.
(adaptação do texto do Diogo Silva)
Quando voltaram ao palácio o grão-vizir disse-lhes que tinham trazido água para mais de 200 dias. (adaptação do texto do Rúben)
O grão-vizir sentiu a falta de Aba, estava a ficar preocupado com ela. Então, mandou as suas tropas irem à sua procura.
Quando chegaram ao oásis, encontraram Aba estendida no chão e repararam que estava ferida. Parecia ter sido mordida por um escorpião ou uma cobra chifruda do deserto. Conseguiram retirar o veneno do seu corpo e ela ficou melhor.
Voltaram para o palácio e Aba prometeu que nunca mais se iria afastar da cáfila. (adaptação do texto do Diogo Silva)
No palácio, tudo voltou à normalidade. Os camelos sábios voltaram a contar historias ao grão-vizir e, em segredo, ao pastor que os salvou daquela terrível tempestade.
Numa certa madrugada, alguns camelos daquela cáfila saíram do palácio. Estavam cansados de viver presos a contarem histórias. Tinham saudades do ar do deserto, dos animais do deserto e até das tempestades de areia.
Em silêncio, fugiram sem ninguém perceber. Apenas o pastor percebeu e juntou-se a eles.
No deserto do Sara, encontraram um feneco, que era um traquinas. Conhecia os melhores esconderijos.
– Sabes onde nos podemos esconder do grão-vizir? – perguntaram os camelos.
– Sei de um sítio enorme, para se esconderem. O grão-vizir não vos ouviu a sair do palácio? – perguntou o feneco.
– Tenho a certeza que não ouviu nada. – disse o primeiro camelo.
(adaptação do texto do Nuno)
Mas, no dia seguinte, o grão-vizir reparou que lhe faltavam camelos. De imediato, partiu com as suas tropas para o deserto do Sara. Tinha certeza que estariam lá. Pensou em atacar o pastor, pois achou que fora ele que tinha fugido e levado os seus camelos.
Ao longe, o pastor viu o grão-vizir e os seus ministros a aproximarem-se e reparou que estavam a tramar alguma coisa má.
O grão-vizir chegou-se ao pastor para lutar, mas o pastor desarmou-o, dizendo:
– Eu não quero lutas, só quero paz. Sei onde estão os teus camelos, viemos juntos por acaso, não combinamos nada.
O pastor explicou que os camelos tinham saudades do deserto e seria bom que todos conversassem e se entendessem.
O grão-vizir pediu aos camelos que voltassem para o palácio e, ao mesmo tempo, prometeu que fariam muitas visitas ao deserto, para que não tivessem saudades.
Os camelos aceitaram a ideia, mas exigiram que o pastor fosse com eles. Assim, ficou combinado e todos fizeram o caminho de volta.
(adaptação do texto do Rodrigo)
No regresso, de repente, a caravana parou. Um sábio desceu de um camelo e foi ver o que se passava. Esfregou os olhos e voltou a abri-los, nem podia acreditar no que estava a ver! Eram catos, imensos catos por todo o lado, ninguém conseguia passar.
– Como é que vamos sair daqui? – perguntou o sábio.
– Podemos cortar os catos! – sugeriu o pastor.
A ideia estava a resultar, mas começou a cair a noite e tiveram que montar as tendas, para dormirem no deserto.
Ao outro dia, quando acordaram, ficaram ainda mais admirados, pois ainda havia mais catos. Então, um camelo resolveu pedir ajuda a um feneco, que por ali passava. Ele contou-lhes que nunca ninguém conseguiu passar por aqueles catos e que, o melhor, era voltarem para trás e seguirem outro caminho.
(adaptação do texto do Gonçalo)
No palácio, tudo voltou à normalidade. Os camelos sábios voltaram a contar historias ao grão-vizir e, em segredo, ao pastor que os salvou daquela terrível tempestade.
Certa vez, no início da noite, já todos dormiam menos Aba, porque estava ansiosa. Ela foi ao quarto de grão-vizir e acordou-o.
– Grão-vizir amanha de manhã, quando todos tomarem o pequeno-almoço, podemos passear no deserto? – perguntou Aba.
– Sim! Podemos ir, não vejo razão para não irmos.- disse o grão-vizir.
Ele ficou descansado, por ser acordado para uma visita, pensou que estava a ser acordado por causa de uma má notícia.
No dia seguinte, a caravana foi em direção ao deserto. Estava um dia muito quente. No deserto é muitíssimo quente! Não se via nenhum animal, pois estavam todos escondidos do sol.
“Afinal, não havia nenhuma aventura para se ver”, pensou Aba.
Nesse momento, o grão-vizir começou a dizer que via palmeiras e um grande lago de água fresca. Aba não via nada, percebeu que era uma miragem.
-É uma miragem! – disse um ministro.
Então, a caravana começou a procurar um oásis para acalmar o grão-vizir.
Umas horas depois, cada camelo bebia mais de cem litros de água e para Zuzá, como ainda era novinho, arranjaram quatro grandes taças de água.
O grão-vizir bebeu dois copos de água e começou a sentir-se melhor. Entretanto, Zuzá afastou-se do oásis, entretido a contar histórias para si próprio.
Alguns camelos começaram a procurar Zuzá, mas não conseguiram. Foi o pastor quem viu as pegadas dele e disse:
– Ele não fugiu para muito longe! O vento ainda não apagou as suas pegadas.
Todos se apressaram e se aproximaram de Zuzá. Ele nem percebeu a razão daquela preocupação toda, juntou-se à cáfila como lhe mandaram e seguiu-os até ao palácio. (adaptação do texto da Diana)
No palácio, tudo voltou à normalidade. Os camelos sábios voltaram a contar historias ao grão-vizir e, em segredo, ao pastor que os salvou daquela terrível tempestade.
Quando Zuzá terminou a leitura da última história, o grão-vizir ficou a pensar no que deveria fazer com aqueles camelos tão especiais.
Disse-lhes que podiam voltar para o deserto, só que com duas condições:
– Sempre que me apetecer viajar, vocês terão de voltar.
(adaptação do texto da Simone)
– Terão, ainda, que andar pelas terras de África, de palácio em palácio a contar histórias.
– A ideia é muita boa! – disse um dos camelos.
O grão-vizir escreveu uma carta para os camelos entregarem em cada palácio. Assim, ninguém se assustaria ao verem os camelos a falarem.
Os camelos viram muitos palácios e, em cada um, contavam muitas histórias às crianças. Eles também ouviram muitas histórias das crianças. E, assim, cada vez havia mais histórias diferentes.
Os pastores e os camelos conheceram muitas terras e muitos animais dos desertos de África. (adaptação do texto da Soraia)
Agora, se percebe como estes enormes viajantes são tão cultos! Tão sábios, como camelos.