As turmas vencedoras da iniciativa Agora o Escritor És Tu! continuaram o livro O Senhor do Seu Nariz e Outras Histórias, escrito por Álvaro Magalhães.
Trabalho Vencedor
“A praia da Galé” (continuação)
Estávamos nós nesta conversa, quando vejo a minha avó chegar à praia.
Disse eu:
– Avô, olha quem aqui vem!
Disse o avô:
– Oh! O que é que vens cá fazer, mulher?
Disse a minha avó, que tinha acabado de chegar à praia:
– Vim para vos ver e como está muito calor apetece-me ir tomar banho.
Grito eu e o meu avô ao mesmo tempo:
– Nãaaao!
Responde a avó:
– Porquê?
Nós explicámos: tínhamos ido tomar banho, quando de repente vimos uma prancha de surf que nos assustou porque pensámos ser a barbatana de um tubarão.
Disse a avó:
– Se era uma prancha de surf, por que é que eu não posso ir tomar banho? Eu não tenho medo de pranchas de surf!!!!!
Disse o avô:
– Também não tenho medo de pranchas, mas pensei que era um tubarão e apanhei um susto.
Disse eu:
– Então vai tomar banho sozinha, nós ficamos aqui a construir um castelo na areia.
A avó vai para o mar e mergulha numa água clara e transparente, magnífica e deliciosa.
Gritou a avó:
– Aaaah! Socorro! Uma caravela portuguesa!
A avó faz chichi com o medo e começa a nadar crawl chegando rapidamente à praia.
Perguntou o avô:
– O que é que se passa? Viste uma prancha de surf?
Disse a avó assustada e a tremer:
– Não! Vi uma caravela portuguesa!
Disse eu:
– Tens medo de um barco, avó?
Disse o avô:
– Meu neto, uma caravela portuguesa não é um barco, é uma alforreca que pode matar!
Disse a avó:
– Ninguém pode ir tomar banho, a água está infestada de caravelas portuguesas!
Disse eu:
– Então temos de ir avisar os nadadores-salvadores.
Disse o avô:
– Temos que ir já avisá-los!
Disse a avó:
– Temos de dizer para evacuarem já a praia!
Disse eu:
– Avó, eu nunca teria tido medo da caravela portuguesa e nunca teria fugido dela. Não iria avisar os nadadores-salvadores e se calhar algumas pessoas poderiam morrer…
Disseram os meus avós em uníssono:
– Às vezes é bom ter medo. O medo salva-nos!