Trabalho Vencedor
A iniciativa Agora o Escritor És Tu!, da VISÃO Júnior, desafiou os alunos do 5.º ano a continuarem o livro Contos e Lendas de Portugal e do Mundo, de João Pedro Mésseder, e a desenharem uma nova capa.
A Gaita Milagrosa
Mas eu sei que a mãe do juiz não voltou para a cama. E tenho a certeza porque ouvi a história até ao fim. Então oiçam-na também vocês.
A mãe do juiz ficou tão feliz com aquela situação estranha, mas engraçada, que nem queria ouvir falar de cama! Dessa estava farta, cansada, e até saturada… Não a suportava!
Sentia-se nova, ágil, levezinha e considerava que cantar, saltar e dançar era a melhor terapia.
Um dia, virou-se para o juiz e disse-lhe:
– Meu filho, vamos à capital do Reino falar com el-rei. E traz contigo homem da gaita.
– Mas eu mandei o gaiteiro sair em paz…
– Então chama-o de novo à tua presença. É importante!
O juiz obedeceu à mãe um tanto contrariado e outro tanto curioso: “que queria a mãe conversar com el-rei? E para quê levar o homem da gaita?” Estas perguntas não lhe saíam da cabeça. Viajaram durante dois dias e duas noites. Quando chegaram finalmente ao palácio real a sua mãe disse-lhe:
– Anda daí, meu filho! Vamos pedir uma audiência a el-rei. Não percamos mais tempo!
Lá foram os três e, quando chegaram à sala do trono, ficaram espantados com a figura do monarca que estava acompanhado pelos seus conselheiros e outros cortesãos, todos com ar carrancudo. Sua mãe tomou a palavra, dizendo:
– Majestade, eu e o meu filho, que é juiz ao vosso serviço, trouxemos à vossa presença um homem que, ao tocar a sua gaita, faz com que toda a gente comece a dançar. Acho que encontramos a cura eficaz para os doentes motores do Reino. Eu mesma estava acamada há sete anos e, quando ele tocou a sua gaita, fiquei de imediato curada. Ele o poderá comprovar na vossa presença.
O rei ouvia com paciência a mulher, mas parecia estar desconfiado e, nesse preciso momento, ordenou ao gaiteiro que fizesse a sua “magia”. O homem fez uma vénia a el-rei e começou a tocar a sua gaita. Em menos de um pestanejar de olhos, parecia que o rei dava uma festa; todos dançavam de felicidade e sem controlo.
Com um aceno da mão direita, el-rei mandou-o parar de tocar e tomou a palavra, dizendo:
– Afinal falas verdade! Se os paralíticos ouvissem essa música, ficariam decerto curados… Tenho de vos agradecer! A ti, mulher, dar-te-ei quatro mil maravedis e ao teu filho igual quantia. Quanto a ti, homem da gaita, serás a partir de hoje médico do reino e terás um salário justo pelos teus serviços. Anunciarei ao reino esta cura milagrosa. Agora podem retirar-se.
Fizeram os três uma vénia e saíram da presença do rei e, uma vez fora do palácio, o juiz disse:
– Minha mãe, que ideia fantástica! Agradecer-te-ei todos os dias, para o resto da minha vida.
– Não tens de me agradecer, meu filho, mas sim ao gaiteiro e à sua gaita milagrosa.
Mãe e filho voltaram muito contentes para a terra deles. Quando lá chegaram, lembraram-se que, no tribunal, tudo tinha ficado desorganizado e lá tiveram de arrumar. Enquanto isso, o Senhor Dr. Gaiteiro corria os quatro cantos do Reino tocando a sua gaita e os paralíticos levantavam-se do chão, das camas e das macas.
Foi tal o sucesso da cura que os habitantes daquele Reino fundaram o “Clube do Gaiteiro Mágico e da Dança Imparável”.