Virgílio Correia é arqueólogo há quase 40 anos. Publicou várias obras e foi diretor do Museu Monográfico de Conímbriga. Nas ruínas, desenvolve um trabalho que o fascina e pelo qual demonstra grande paixão.
Na Escola Básica 2 de Condeixa-a-Nova falou sobre «Os Romanos e a água» e respondeu a algumas perguntas dos alunos. Pedro Bingre, consultor da VISÃO Júnior, enviou-nos a entrevista que podes ler já a seguir.
Como nasceu a sua paixão pela história e pela arqueologia?
Penso que devo à minha avó esta ligação. Costumava levar-me a visitar igrejas e castelos. Foi ela que despertou o meu interesse pela história em geral e pela arqueologia em particular.
Qual a técnica ou o método de trabalho de um arqueólogo?
Um professor que tive na faculdade dizia: «Isto é tudo muito bonito, mas é preciso tirar a terra». No entanto, a arqueologia recorre cada vez mais a várias ciências: biologia, química, botânica, zoologia, física e muitas outras. Por exemplo, quando tiramos uma foto, no local, devemos usar uma escala como referência. No entanto, os arqueólogos confiam mais no desenho que é analítico e que fornece informação que a foto não tem.
Qual foi a sua melhor descoberta enquanto arqueólogo?
Eu sou um arqueólogo muito azarado, o achado mais valioso que já encontrei foi parte de uma taça de cerâmica. Mas em Conímbriga, o achado mais valioso foi no ano de 1928, um tesouro de dez moedas de ouro, que estariam numa bolsa (que desapareceu, ficando só as moedas).
Será a arqueologia egípcia mais fascinante que a romana?
É uma questão de gosto. Pessoalmente, não gosto muito de múmias e penso que o Egito, por ser limitado ao vale do Nilo, explica pouco o que aconteceu no mundo.
Os romanos tiveram um impacto mais global, sobretudo à volta do Mediterrâneo.
Obviamente, a areia do Egito conserva os tecidos o que permite achados mais estranhos como as múmias.
Qual o acontecimento da História de Conímbriga que destaca?
Quando Décimo Júnio Bruto (138 a.C.), chamado “Galaico”, conquistou a região de Conímbriga, vencendo a resistência, e se iniciou a romanização. Este momento marcou a história e o desenvolvimento deste território.
As ruínas de Conímbriga podem comparar-se a outros vestígios importantes da Europa?
De facto existem muitos vestígios arqueológicos que permitem fazer comparações e reconhecer o impacto que os romanos tiveram na bacia do Mediterrâneo. É uma visita incontornável para os especialistas e o público em geral.
Que mudança observou ao longo do tempo?
A maior mudança em Conímbriga foi o efeito das grandes construções. Antes, usava-se o adobe (tijolos secos ao solo e cobertura em colmo). Os romanos introduzem muros em alvenaria e telha. É uma mudança fundamental.
Porque continua ligado a Conímbriga?
Conímbriga é agradável, fascinante e cativante. É um prazer ficar!