Há professores e pais que se queixam de que, por causa dos telemóveis, os alunos brincam pouco nos intervalos e conversam menos uns com os outros, porque preferem estar a jogar, a ver vídeos ou a trocar mensagens. Defendem que isso não é saudável e, então, nos últimos anos, várias escolas proibiram o uso de telemóvel; noutras, os alunos podem usá-lo, mas têm de cumprir algumas regras.
Há poucos dias, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, anunciou que o Governo vai recomendar às escolas que proibam a entrada ou o uso do telemóveis nas escolas dos 1º e 2º ciclos. Para os alunos mais velhos, do 3º ciclo, o ministro recomenda que as escolas não proibam os telemóveis mas, em conjunto com os alunos, criem regras sobre a sua utilização.
Repara que as escolas não estão obrigadas a cumprir esta recomendação, mas o Ministério da Educação vai ficar atento ao longo do ano letivo para perceber se as escolas que as seguirem tiveram bons resultados. Se concluir que os resultados são positivos, o Ministério poderá mesmo no futuro proibir o uso de smartphones nas escolas.
“Os telemóveis ajudam muito na comunicação”
Na minha opinião, acho que a regra da minha escola é a correta: podemos usá-los nos intervalos, mas, durante as aulas, quando os professores não os pedem, têm de estar na mochila. Penso que é o mais justo para todos. Nos intervalos, os telemóveis ajudam muito na comunicação e também ajudam as pessoas que têm mais dificuldades em socializar, por isso não acho que faça qualquer sentido serem proibidos.
Gonçalo Lucas, 13 anos, Coimbra
“Os telemóveis são extremamente úteis”
Eu frequento o ensino articulado na Academia de Música. Lá, os telemóveis são extremamente úteis: para tocar por cima de áudios ou de vídeos, no YouTube, para afinar e utilizar o metrónomo, para receber partituras… No entanto, em todas as salas de aulas teóricas, há uma bolsa, à porta, na qual os alunos têm de deixar o telemóvel (um compartimento por aluno). Na minha opinião, esta é uma ideia eficaz, que podia ser adotada nas outras escolas. Se fosse eu a decidir, aplicava essa medida nas salas de aulas e só permitiria o uso do telemóvel nos intervalos, para fazer chamadas ou mandar mensagens. Isso poderia ser difícil, mas seria possível com a colaboração de todos os alunos.
Margarida Gradíssimo Rocha, 12 anos, Viana do Castelo
“Só na hora do almoço”
Por um lado, concordo que se proíbam os telemóveis, porque na minha turma há muita gente que passa a maior parte dos intervalos ao telemóvel; mas, por outro lado, não concordo, porque se me acontecer alguma coisa, não conseguirei falar com os pais nem ligar para o 112. Se fosse eu a decidir, permitia levar o telemóvel para a escola, mas só o podíamos usar na hora de almoço (quando acabássemos de almoçar), nas horas em que os professores faltassem e na sala de aula, quando os professores o autorizassem. Na minha escola, é proibido gravar no espaço escolar, no entanto ninguém cumpre essa regra.
Estrela Marques, 11 anos, Mealhada
“Proibir por completo é um erro”
Acho uma boa medida proibir os telemóveis, embora ache que fazê-lo por completo seja um erro. Apesar de haver quem que não saiba usar bem os telemóveis e as tecnologias, há pessoas que as utilizam de forma responsável. Na minha escola, podemos usar o telemóvel quando queremos (exceto nas aulas, claro), mas em dezembro só o poderemos fazer das 13h10 às 13h30. Os colegas estão revoltados. Eu deixaria usá-lo também no intervalo grande.
João Padilha, 12 anos, EB23 Vallis Longus, Valongo
“Acho boa ideia proibi-los”
Agora que os meus colegas têm de deixar os telemóveis nos cacifos, noto que convivem mais e que eu tenho mais pessoas com quem brincar. Não tenho telemóvel, uso um que é de todas as pessoas da família, e só dez minutos por dia, mais ao menos, para ver o que os colegas escrevem no grupo da turma. Dantes, como não tinha telemóvel, sentia-me um bocado à parte.
Sofia Costa, 11 anos, Luz de Tavira
“Concordo…”
… Mas não totalmente. Se fosse eu a decidir, podíamos levá-los, mas só para comunicar com a família.
Pedro Bingre, 10 anos, Condeixa-a-Nova
“Gostava de poder usá-lo”
Na minha escola é extremamente proibido levar telemóveis e já estamos habituados a isso, mas eu gostava de poder usá-lo. Às vezes, é preciso fazer pesquisas nas aulas e os professores pedem-nos para levar o computador, mas alguns colegas esquecem-se dele. Se tivéssemos os telemóveis connosco era muito mais fácil, pesquisávamos logo. O ideal, para mim, seria poder levar os telemóveis e usá-los apenas no intervalo do almoço. Mas teria de haver regras, como não gravar vídeos na escola ou pôr música alto.
Ana Manuel, 12 anos, Maia
“A vantagem é que não há competição de telemóveis”
Se não levarmos os telemóveis para a escola, os pais não nos vão ligar para saber se estamos bem, então podem ficar preocupados. Além disso, era bom usar o telemóvel nas aulas, quando temos de fazer trabalhos. É por isso que não concordo que proíbam os telemóveis. A vantagem é que não há competição de telemóveis na escola, para ver quem tem o melhor. Se fosse eu a mandar, deixava usá-los no recreio e nas aulas, quando os professores o permitissem.”
Francisca Barros, 8 anos, Porto
“Passo mais tempo com os colegas”
Na minha escola, só podemos usar o telemóvel na cantina, a partir das 16 horas. De resto, ele deve estar desligado e na mochila. Também é permitido o uso dos telemóveis na portaria, para contactarmos os pais na hora de saída. Eu concordo com isto, porque assim passo mais tempo com os colegas, e divertimo-nos mais.”
Leonor Martins Figueiredo, 12 anos, Vilar do Paraíso
“Para ligar aos pais”
Concordo com a ideia de se proibirem os telemóveis, porque senão os meninos não convivem e passam o tempo a jogar no telemóvel. Não gosto de falar com alguém que está sempre agarrado ao telemóvel. Se fosse eu a decidir, só se podia usá-lo no final das aulas, para pedir aos pais que nos venham buscar.
Vitória Caldas, 8 anos, Porto
Os telemóveis estão a mudar-nos?
Vários estudos mostram que, quando usamos os telemóveis durante muito tempo, o nosso corpo e o nosso cérebro sofrem alterações. Algumas delas são:
– dificuldades em manter a concentração
– a memória fica mais fraca
– é mais difícil adormecer e o sono não é tão reparador
– risco de obesidade, pois mexemo-nos menos quando estamos em frente a um ecrã
Este artigo foi originalmente publicado na edição n.º 234 da VISÃO Júnior e atualizado no dia 13 de setembro de 2024