Aquela sensação de coragem, aventura…. Aqueles momentos em que parece que não sabemos onde estamos ou aqueles em que o vento sopra a nosso favor! Aquela sensação de medo que queremos esconder ou o desejo de explorar algo novo! São estes momentos, estas sensações, que eu quero sentir!
Mas estes mistérios só acontecem nos filmes e nas histórias, e, por coincidência, todos acabam com “e finalmente encontraram o tesouro e desvendaram o mistério!” Ah, já me ia esquecer de me apresentar! Chamo-me Olivia e tenho 13 anos… Não sou muito boa a fazer apresentações, mas posso dizer-vos que quando for grande gostava de ser detetive.
Lembro-me de uma vez que estava a jogar voleibol com o meu irmão, que é quase da minha idade e se chama Filipe, mas continuando…. estávamos a jogar voleibol quando o meu irmão atirou a bola com tanta força que a perdemos de vista! Fomos atrás dela, mas não era como aquelas aventuras que eu costumo imaginar. O vento parecia estar contra nós. A bola ia cada vez para mais longe. Quando estávamos mais perto dela vimo-la voar e entrar num prédio, pela janela!
Nunca tinha visto aquele prédio! Parecia vazio, abandonado, sem qualquer ocupante…. Ficava numa rua que nunca tinha ouvido falar: Rua de Berlim. O nome também é estranho, afinal, não estamos em Berlim…. Tinha de saber mais sobre aquele prédio. Era o mistério que eu procurava desde pequena!
Eu queria resolver este problema, mas só eu e o meu irmão não conseguíamos. Por isso, decidi ligar a uma das minhas melhores amigas, a Vitória! Ela é um génio da informática e podia ajudar-nos muito! Também liguei ao Rui e à Sofia. Eles têm o mesmo fascínio por mistérios que eu! Quando já éramos cinco (o número ideal para um mistério), partimos à aventura!
Quando chegámos ao prédio e estávamos prestes a abrir a porta, um senhor, que eu nunca tinha visto antes, veio ter connosco. Ele era bastante peculiar e tinha um relógio muito invulgar, era grande, dourado e os ponteiros estavam parados na hora 3:15…. Por outras palavras, não funcionava, nem sei porque é que ele o estava a usar! Mas pronto! Ele veio ter connosco e disse-nos: “Meninos, ouçam o que vos digo, não entrem nesse prédio… Este prédio tem muitos mistérios, mais do que vocês pensam! Não entrem!”
A minha mãe sempre disse que eu sou teimosa, e até que sou um bocadinho…. Entrei na mesma, mas fiquei a pensar: porque é que aquele homem não queria que entrássemos e por que que veio ter connosco?
Mas enfim, nós entramos e confirmava-se: quele prédio estava abandonado! Mas não tinha nada de especial, era só um prédio! Bem, um prédio abandonado. Quando íamos embora, o Rui tropeçou num cano solto que estava no chão. Ele caiu mesmo em frente a uma parede! Ou pelo menos era o que nós achávamos, até repararmos que a parede tinha um puxador…. Era uma porta secreta! Estava tapada por um antigo papel de parede. Assim, parecia, quase invisível! Nós abrimos a porta e eu finalmente estava a sentir aquela sensação de adrenalina! A porta dava para umas escadas que, por sua vez, davam para uma espécie de cave. Naquele momento, estávamos todos em silêncio. A única coisa que se ouvia era o ranger das escadas, que pareciam intermináveis…
Ligámos as lanternas e, para nosso espanto, vimos obras de arte! Sim, obras de arte! Eram artefactos antigos e de certeza que o lugar delas não deveria ser numa cave! Quadros com paisagens, montanhas, rios, etc… De seguida a Vitória, debaixo de um banco, encontrou uma caixa de sapatos cheia de pó.
Nós somos detetives, e os detetives são curiosos, por isso, abrimos a caixa e, quando espreitámos lá dentro, apenas vimos uma pilha de notícias!
Um dos títulos era “Novo prédio na rua de Berlim” e estava acompanhado de uma imagem e do nome do dono: Marco Lotus. Na imagem, vimos que num braço tinha um relógio exatamente igual ao do homem que tínhamos visto na entrada do prédio. Afinal, ele era o dono. Mas ainda há muitas perguntas… Porque é que não queria que entrássemos? Porque é que não vive aqui ninguém? O que é que ele esconde? Não percebo…
“Artefactos antigos e muito valiosos roubados de museu” – este era o título de outra notícia. Ainda outra notícia referia: “Marco Lotus morre num acidente de avião!”
A Vitória pegou no computador que trazia sempre debaixo do braço e pesquisou mais sobre este senhor misterioso. Não tirámos muitas conclusões, apenas que ele era um homem de uma família de classe alta, que não tinha filhos e que estava morto!
A Sofia exclamou imediatamente: “Mas nós vimo-lo à entrada do prédio! Ele não pode estar morto, não pode ser!”
Naquele momento, as minhas ideias ligaram-se, tal como as de um grande detetive das histórias… Já percebi! Marco Lotus é um ladrão! Sim! Ele roubou as obras de arte e construiu este prédio para as esconder. Nada melhor do que as esconder à vista de todos! Ele fingiu a sua morte para ninguém suspeitar de nada e resultou bastante bem, até agora. Era por isso que não queria que entrássemos, para não descobrirmos a verdade!
Claro está que ligámos logo à polícia e, quando estávamos a sair do prédio, o mesmo homem veio ter connosco e disse-nos:
– Não deviam ter entrado… Nem pensem que vão safar-se desta!
– Por acaso acho que vamos…- disse o Filipe, e começou a fazer-lhe cócegas (que é uma forma infalível para apanhar um ladrão – pelo menos é o que dizem nos desenhos animados!).
Ele começou a rir desesperadamente e conseguimos segurá-lo até a polícia chegar. Quando os polícias se aproximaram de nós, explicamos-lhes a história toda e o tal homem foi levado para a esquadra.
Era este o mistério que eu sempre quis resolver! Agora que venha o próximo…
Isabel Soares de Oliveira, 13 anos