Ao recordar quatro décadas de vida académica, Gilberto Santos destaca as “muitas horas passadas a escrever artigos científicos e comunicações a congressos”, por vezes, noite dentro, ou nos fins de semana. “Abdiquei do meu tempo de lazer, investi em mais conhecimento para fazer a minha agregação e subir na carreira.” Ligado ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) desde 2006, professor na Escola Superior de Design (ESD), assinou 142 artigos científicos indexados, tem um número recorde de citações (3 360), viu o seu currículo validado por um júri externo, tem livros publicados em Portugal e no estrangeiro, mas apesar de ter “o melhor CV de entre cerca de 500 professores da instituição”, garante, continua, aos 69 anos, no patamar mais baixo da carreira docente (como professor adjunto ou auxiliar), sem conseguir vaga nos concursos que poderiam garantir-lhe a promoção (para professor coordenador ou associado).
“Contribuí para o desenvolvimento do IPCA desde o primeiro minuto. Criei cursos, o primeiro mestrado da instituição, pertenci e pertenço a vários órgãos, tenho nota de “excelente” em todas as avaliações , considero-me uma pessoa cordata, que atua dentro das regras da boa educação”, enumera. “Há professores catedráticos com pior currículo do que o meu, mas fui muitas vezes ultrapassado por quem tem pior CV, pior produção científica, menos anos de carreira. Diria que sou alvo de uma perseguição por parte de quem manda, de uma injustiça que não consigo perceber”, afirma.
