Através de um manifesto, a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) acusa as entidades responsáveis de falta de clareza e de decisões pouco claras, que geram incerteza no setor.
O documento, intitulado “O Estado da Rede – A Incerteza Instalada”, surge numa altura em que a UVE celebra o seu 10º aniversário e em que o número de veículos elétricos em Portugal continua a aumentar. No entanto, a associação teme que este crescimento esteja a ser prejudicado pela falta de uma estratégia clara por parte do governo no que diz respeito à rede de carregamento pública, atualmente gerida pela Mobi.E.
“As declarações da tutela sugerem o fim do modelo atual e não a sua evolução e melhoria”, pode ler-se no manifesto. A UVE critica ainda os sucessivos adiamentos de decisões e a falta de prazos concretos para a implementação de medidas.
Esta incerteza, segundo a UVE, está a travar o investimento privado e a dificultar o desenvolvimento da infraestrutura de carregamento. “Os operadores de pontos de carregamento e os comercializadores de eletricidade estão a ser afetados, e isso acaba por prejudicar os utilizadores”, alerta a associação.
O manifesto destaca ainda o aumento das tarifas de carregamento e a complexidade dos tarifários como obstáculos à adoção da mobilidade elétrica. A UVE lembra que já em 2022 tinha proposto uma simplificação dos tarifários, mas a implementação tem sido lenta.
Outro problema apontado é a burocracia excessiva, que dificulta a instalação de novos postos de carregamento. “Fechámos o ano de 2024 com quase 300 postos de carregamento rápido e ultrarrápido que aguardam ligação à rede elétrica”, revela a UVE.
A associação apela à tutela para que tome medidas urgentes e defende um modelo de mobilidade elétrica mais claro e eficiente. “É preciso garantir um serviço de melhor qualidade aos utilizadores e um desenvolvimento sustentável da mobilidade elétrica em Portugal”, conclui o manifesto.