Noutros tempos, ali, na região de Melgaço, passava-se a fronteira para Espanha a salto, em busca de melhores condições de vida e para fugir da opressão do Estado Novo. Agora, o desafio é dar um salto a Melgaço e descobrir a sua inesperada e correspondida relação com o cinema, num festival que tem uma programação mais concentrada no último fim de semana (5 e 6 de agosto), a pensar em forasteiros.
O MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço reúne 32 documentários, que têm a ideia de “fronteira” como tema subjacente. Todos eles, curtas e longas, concorrem ao Prémio Jean-Loup Passek. O patrono do festival foi esse historiador, programador e crítico de cinema francês, que construiu um dos maiores acervos cinematográficos da Europa e deixou tudo ao município – que, com isso, fez um Museu do Cinema, com um espólio imenso ainda em fase de catalogação.
Mas quando se diz que Melgaço tem uma relação de amor correspondido com o cinema é porque o MDOC acaba por ser muito mais do que um festival. Em Melgaço, mostram-se filmes com qualidade, mas há filmes que também mostram Melgaço. Passa-se a explicar: desde o seu início que o festival acolhe um programa de residências, com coordenação de Pedro Sena Nunes, para se fazerem quatro filmes na região, além de 13 séries fotográficas. Tudo isso pode ser visto no próprio festival e online. Ou seja: este é um festival que mostra, mas também faz cinema.
Residências à parte, o MDOC está cheio de iniciativas. Destaca-se, neste ano, o realizador iraquiano Maythem Ridha, que viaja ao Minho para dar uma masterclass. Há ainda um workshop de cinema com o telemóvel, a pensar nos mais jovens, e o X-RayDoc, com Jorge Campos e Luís Mendonça a falarem sobre Candid Eye, a propósito dos filmes Stravinsky e Lonely Boy, de Roman Kroitor e Wolf Koenig.
Da competição fazem parte, entre outros, Invisible Hands, de Hugo dos Santos; Cesária Évora, de Ana Sofia Fonseca; Territórios Ocupados, de José Vieira; Margot, de Catarina Alves Costa; Astrakan 79, de Catarina Mourão; ou Silent House, dos iranianos Farnaz Jurabchian e Mohammadreza Jurabchian.
MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço > Casa da Cultura e outros locais do município de Melgaço > 31 jul-6 ago > mdocfestival.pt/pt/