A inauguração oficial do edifício, projetado pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas, aconteceu a 15 de abril de 2005. No dia anterior, já os Clã e o músico e compositor americano Lou Reed tinham estreado a Sala Suggia. Com a Casa da Música, a grande obra da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, abria-se um novo capítulo na história da cultura da cidade.
A celebração dos 15 anos da instituição era para ter ocupado um fim de semana inteiro. E que fim de semana: além da estreia mundial de uma obra do francês Philippe Manoury, compositor em residência de 2020, ano dedicado a França, estava marcada uma maratona de novos talentos da Echo Rising Stars e um concerto inédito dos 10 anos do Som da Rua, projeto do serviço educativo que junta pessoas sem-abrigo.
Nada disso acontecerá, pelas razões que todos sabemos, por isso, a festa faz-se online, com muitas novidades. Logo pela manhã desta quarta, 15, inaugura-se o blogue da Casa da Música, com muito para ver e, sobretudo, escutar. Além de um vídeo sobre os 15 anos da Casa da Música (10h), há música do projeto Orelhudo, com excertos de obras de compositores, como Les Bonbons, de Jacques Brel (10h30); o concerto Abracadabra do serviço educativo (11h) e várias mensagens em vídeo de maestros dos grupos residentes da Casa: Peter Rundel (16h45), Baldur Brönnimann (18h45), Laurence Cummings e Raquel Couto (21h45). O ponto alto será a transmissão de alguns concertos épicos da Casa da Música: a versão de A Viagem de Inverno (Winterreise), de Schubert, estreada em 2016, com direção cénica de Nuno Carinhas e música do Remix Ensemble (17h); Amériques, de Edgard Varèse, com a Orquestra Sinfónica (19h); e Missa em Si Menor, de Bach, que juntou a Orquestra Barroca, o Coro e o Coro Infantil Casa da Música (22h).
Todos os dias, incluindo nesta quarta, 15, serão disponibilizadas playlists de vários responsáveis da Casa – a primeira será de António Jorge Pacheco, diretor artístico e de educação da Casa da Música –, e os vídeos Quiz do Dia e Postais Musicais, com a participação dos músicos dos diferentes agrupamentos . No primeiro caso, interpreta-se parte de uma obra que o público terá de adivinhar; o segundo é o resultado de atuações virtuais dos músicos, nestes tempos de confinamento. “Eles querem fazer música, com a missão de trabalharem para o público”, lembra António Jorge Pacheco. Por outro lado, acrescenta, é “o contributo da Casa da Música para melhor se passarem os dias. A música pode ser um instrumento extraordinário.”
Além do blogue, que pretende ser “uma plataforma mais tranquila, com melhores condições de exibição de concertos”, também o Facebook da Casa da Música tem transmitido, todos os dias, às 19h, concertos em simultâneo com várias salas europeias, como o Palau de la Música Catalana (Barcelona), o Grande Auditório de Elbphilharmonie Hamburg (Hamburgo) ou, entre outras, a alemã Kölner Philharmonie. Em dia de aniversário, a anfitriã será a Casa da Música, exibindo, em todas as páginas das grandes salas europeias, o concerto da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, dedicado à obra Amériques, de Edgard Varèse (que aconteceu em janeiro de 2019).
Suspensas todas as suas actividades e espectáculos, desde o dia 16 de março, parte da programação da Casa da Música está a ser reagendada, sem que se conheça, contudo, como será o futuro das salas de espetáculo. “É um desespero, uma incógnita total”, desabafa António Jorge Pacheco.
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