1. Vive la France!
A revisitação da França como um dos eixos principais da programação da Casa da Música (CM), como já acontecera em 2012, afigurava-se como inevitável, sendo este país uma das grandes potências culturais da arte e do pensamento, a merecer múltiplas explorações. “Olhando para a programação em 2012, ficaram muitas lacunas, havia muito por explorar e valia a pena regressar com uma perspetiva diferente e, ao longo da temporada, fazer uma viagem pela história da música francesa, desde a escola de Notre-Dame [séc. XII] até aos nossos dias”, sublinhou António Jorge Pacheco, na apresentação aos jornalistas, nos primeiros dias de dezembro. Para o diretor artístico da CM, duas escolhas impuseram-se, “com naturalidade e até urgência”, em termos de residências artísticas, para as quais todos os anos têm sido escolhidos grandes nomes da cena internacional: Philippe Manoury, figura conceituada da vanguarda francesa, pouco divulgada em Portugal será o compositor em residência, com uma retrospetiva de nove obras e uma estreia mundial; e o aclamado pianista Pierre-Laurent Aimard, “um velho amigo da casa”, será o artista em residência, tendo agendados cinco concertos até ao final da próxima temporada. A abertura oficial do Ano França, a envolver todos os agrupamentos residentes da CM e muitos artistas convidados, está marcada para dias 10 a 19 de janeiro, com a interpretação de obras marcantes do repertório francês, desde o monumental Te Deum, de Berlioz, à estreia em Portugal de Sound and Fury, de Manoury.
2. 250 anos do nascimento de Beethoven
A CM junta-se à celebração mundial, mas contraria a cristalização da interpretação das obras do compositor alemão, ao programar para 2020 uma integral das suas obras acompanhada com uma série de peças de compositores contemporâneos, que se inspiraram em Beethoven, como John Adams e Mark-Anthony Turnage. Os festejos culminam em setembro, com um ciclo especial em que se destaca o primeiro concerto dirigido por Pedro Burmester. E logo com a Sinfonia nº5.
3. Soprar as velas
Do programa do 15º aniversário da abertura da casa, destaca-se a estreia mundial da nova obra de Manoury, a 17 de abril, a abandonar a convenção do palco e a explorar os recantos da Sala Suggia; a apresentação do programa Echo Rising Stars (18 de abril), assim como a celebração dos 10 anos do Som da Rua (19 de abril), o projeto do serviço educativo formado por um coletivo de sem-abrigo. Já os 20 anos da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música e do Remix Ensemble serão celebrados em outubro (dias 2 e 20), com a estreia mundial de duas encomendas: o Concerto para Orquestra de Daniel Moreira; e o Requiem de Francesco Filidei.
4. Música & Revolução
Entre as grandes constelações temáticas que fazem parte da programação da CM, esta é uma das mais emblemáticas, sempre marcada para abril. Desta vez, o ciclo Música & Revolução será dedicado à música espectral, a corrente estética surgida nos anos 70 do séc. XX como reação ao pensamento estruturalista dos anos 60. Oportunidade para ouvir algumas das peças mais emblemáticas desta revolução, protagonizada por compositores como Hugues Dufourt, Tristan Murail ou Gérard Grisey – deste último, o Remix Ensemble e a Orquestra Sinfónica interpretarão Les Espaces Acoustiques, uma estreia em Portugal.
5. Invicta.Música.Filmes
O ciclo que combina cinema com música regressa em força, em fevereiro, com duas estreias: uma nacional, do filme J’Accuse (1919), de Abel Gance, com música de Philippe Schoeller interpretada pela Orquestra Sinfónica; outra mundial, da partitura concebida pelo jovem Igor C. Silva, e interpretada pelo Remix Ensemble, para o filme O Táxi 9297 (1927), de Reinaldo Ferreira (o célebre Repórter X), neste que é o primeiro policial português.
6. Olhai os Líricos da Cidade
Este é o nome do novo ciclo agendado para março, dedicado às cidades enquanto fonte de inspiração. Em destaque, as estreias nacionais de Surrogate Cities, de Heinner Goebbels – com uma versão cénica impactante assinada pelo próprio compositor –; Legendes Urbaines, de Trinstan Murail, e Passacaglia para Tóquio, de Manoury.
7. Casa de Partida
“Alargar a área de influência de uma instituição nacional como a CM e levar a grande música a outras zonas do País, nomeadamente ao interior, onde é mais escassa a oferta cultural”, segundo António Jorge Pacheco, é o objetivo do programa de digressões nacionais, feito com o apoio da Fundação La Caixa e do BPI. Este ano, além dos concertos da Orquestra Sinfónica e da Orquestra Barroca em património urbano, surge o projeto Casa de Partida, uma seleção de jovens talentos nacionais, de vários géneros musicais, que tocará em várias salas do País.
8. Ciclo de piano
Ao longo de 2020, vários nomes que têm explodido na cena internacional tocarão na CM. Logo em janeiro, o cartaz abre com uma revelação, a russa Alexandra Dovgan, a menina-prodígio de 12 anos, protegida do mestre Grigory Sokolov (que também regressará ao Porto). Refira-se ainda a sul-coreana Yel Eum Son, uma estrela das redes sociais, o russo Dennis Kozhukhin e o canadiano Louis Lortie.
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