1 Muitos autores se deram a conhecer nas Quintas, como é o caso de Valter Hugo Mãe (o recordista de participações), Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto, Filipa Leal, Miguel Manso ou Vasco Gato. Entre os consagrados, indiquem-se, a título de exemplo, os nomes de Vasco Graça Moura, Manuel António Pina, José Tolentino Mendonça, Maria do Rosário Pedreira, Ana Luísa Amaral, todos com presenças marcantes.
2 No segundo ano das Quintas de Leitura, em 2012, João Gesta assumiu a responsabilidade da programação, sendo da sua autoria o modelo multidisciplinar das sessões que ainda hoje vigora. Privilegiou, desde logo, o contacto próximo com os poetas convidados, combinando o guião das leituras, ouvindo e sugerindo nomes de artistas participantes e discutindo possíveis recitadores.
3 As sessões, feitas de raiz, são únicas e irrepetíveis (exceção feita às do humorista Pedro Tochas). Os espetáculos são alinhavados uns meses antes e desenhados de acordo com o local onde são apresentados. A maioria das sessões tem decorrido, contudo, no grande auditório do Teatro do Campo Alegre. “Tem o espaço e a equipa ideal para este modelo”, defende João Gesta.
4 As Quintas sempre favoreceram os cruzamentos da palavra com a música, as artes plásticas, a performance, a fotografia ou o vídeo. Da música erudita a espetáculos de drag queen, tudo se permite. É impressionante a lista de músicos que já passou pelo palco do Campo Alegre, com nomes como Mário Laginha, Dead Combo, Rui Reininho, Mazgani, Tiago Bettencourt, Samuel Úria, António Zambujo, Márcia, Noiserv ou Virgem Suta. Alguns deles, quando ainda davam os primeiros passos na carreira.
5 Ao longo destes anos, o ciclo conseguiu manter as salas ininterruptamente esgotadas. Introduzindo uma ousadia, para quem estava habituado às tertúlias à volta das mesas de um café: pagar para se ouvir poesia. O modelo revelou-se certeiro, alcançando até agora mais de 50 mil espectadores.
6 Nas Quintas, a poesia é verbalizada por quem sabe. As leituras já foram marcadas pelas vozes, entre o encantatório e o provocador, de Pedro Lamares (o diseur mais assíduo), Teresa Coutinho, Isaque Ferreira, Ana Celeste Ferreira, Susana Menezes, António Durães, Rui Spranger, Rute Miranda, Adriana Faria, entre muitas outras. Algumas delas, selecionadas a partir de castings de recitadores, repletos de candidatos. Entre as atividades complementares das Quintas estão, inclusive, Laboratórios de Leitura Poética, em que os participantes descobrem uma abordagem mais profunda à voz e à palavra poética.
7 A próxima sessão (a 176.ª), marcada para esta quinta, 19, às 22h, no Teatro Municipal Campo Alegre, tem como título A Poesia Perdeu um Cotovelo na Guerra, – “invocando a forma como tem sido maltratada no nosso País”, explica João Gesta – e contará com a participação do filósofo António de Castro Caeiro. Os poemas de 25 autores que marcaram presença nas Quintas serão recordados pelas vozes de João Paulo Costa, Isaque Ferreira, Paulo Campos dos Reis, Cristiana Sabino, Paula Ventura e Celeste Pereira. Como é habitual, não faltarão momentos musicais, com o regresso aos palcos de Manel Cruz (antigo vocalista dos Ornato Violeta), que tocará dois temas a solo, e os ritmos enérgicos do coletivo Retimbrar. A dupla de malabaristas Jorge Lix e Vasco Gomes também animará a noite com um número de Novo Circo. O artista plástico JAS será o autor das imagens em tempo real do espetáculo.