Ao ouvir o genérico de The Agency, se lhe apetecer rebobinar e voltar a ouvir saiba que não está sozinho. A voz de Jack White, metade da dupla The White Stripes, entoa com rasgo Love is Blindness, uma canção original dos U2 (esta mesma versão fez parte da banda sonora do filme The Great Gatsby de 2013).
Essa energia inicial vai contrastar com a calma aparente da personagem principal, pelo menos nos primeiros três a quatro episódios. Paul Lewis, identidade falsa de Martian (Michael Fassbender), é um agente da CIA que ao terminar uma operação secreta volta aos escritórios em Londres. Segue-se o ajuste da sua rotina profissional com a vida pessoal, e são muitos os desafios a causar-lhe dilemas morais e éticos.
Neste regresso, a avaliação psicológica é obrigatória, mas há segredos que acabam por vir a lume. O caso amoroso com Samia (Jodie Turner-Smith), iniciado durante a missão, não abona a seu favor, até porque ela é uma sudanesa reta que ambiciona lutar para tornar o seu país melhor.
As responsabilidades profissionais são, por vezes, fintadas pelo coração deste agente da CIA. Trair a pátria, capturar os inimigos da nação, manter a normalidade das operações secretas e das missões políticas e travar ameaças à segurança nacional nem sempre são temas fáceis de narrar, sem cair ou no exagero ou no previsível.
Mas The Agency consegue um bom guião em que as palavras nunca são literais, havendo sempre subtexto. As mentiras são necessárias e cada mensagem pode ter um significado duplo ou até mesmo triplo.
The Agency não se baseia numa história verdadeira, mas numa outra série que é, na verdade, baseada em relatos reais de antigos espiões. The Bureau (Le Bureau des Légendes), uma produção francesa que durou cinco temporadas, entre 2015 e 2020, alcançou o terceiro lugar no Top 30 do New York Times dos melhores programas televisivos internacionais da década.
The Agency > Skyshowtime > Estreia 10 fev, seg (2 episódios) > 10 episódios, um novo cada segunda