Sául Armendáriz existe, está vivo e assistiu à antestreia de Cassandro, no início do ano, no Festival Sundance de Cinema, ao lado de Gael García Bernal, ator mexicano que o interpreta no filme biográfico.
O interesse de Roger Ross Williams pela figura surgiu depois de o realizador se ter espantado com a vida do lutador profissional de wrestling, protagonista de um artigo da revista New Yorker, em 2016, intitulado Como a drag queen Cassandro se tornou uma estrela do wrestling mexicano, e do documentário Cassandro, The Exotico!, de 2018, de Marie Losier.
Ser homossexual num universo machista, em que se chama Exótico a um lutador que combate travestido contra um “vilão”, na sua maioria heterossexual, não foi fácil. O Exótico sobe ao ringue usando uma máscara e um traje espampanante e, normalmente, não o deixam ganhar. Na sua estreia, Armendáriz destapou o rosto e escolheu uma blusa da mãe e a cauda do vestido de tule da irmã para fazer as piruetas e cambalhotas. “Achei que era segredo eu ser gay, então pensei em assumir. Mas todos já sabiam. Eu era o único que não sabia”, revelou à New Yorker.
Aos 53 anos, o mexicano nascido em El Paso, Texas, nos EUA, recordou no grande ecrã a sua luta interior, quando morava com a mãe, numa relação de afeto, respeito e partilha encantadora, e se quis emancipar. Tinha 18 anos, o mano a mano com quem lhe chamava “maricón” não era suficiente para se motivar e deixar de engolir em seco.
Gael García Bernal na pele de Cassandro é doce e elegante quando treina e aprende a cair e a coreografar os golpes, quando caminha devagar e inseguro, quando é vaiado e, mesmo assim, mantém a pose de super-herói. O apoio de uma treinadora e de um promotor deram a Sául Armendáriz o alento necessário para continuar a ir à luta, dentro e fora do ringue. Um menino da mamã que cresceu e fez-se um homem gay com muita coragem e atitude.
Cassandro > Prime Video > Estreou 22 set, sex > 1h47