Já no início deste ano, os espectadores fizeram Terapia, seguindo com atenção a série que nos levava até ao sofá de um psicólogo, interpretado por Virgílio Castelo. Depois da Páscoa, foi a vez de Aqui Tão Longe, um original escrito por Filipe Homem Fonseca, que falava de terrorismo de forma realista. Agora, nesta rentrée televisiva, a aposta continua. “Estamos a entrar na fase de pôr em prática o que foi desenhado por esta direção de programas: apostar nas séries como programação constante e criar uma possível indústria de séries”, explica Virgílio Castelo, responsável pelos projetos de ficção na estação pública.
Com o debate da atualidade no Prós e Contras à segunda-feira, os restantes serões da semana preenchem-se com quatro estreias nacionais. Mulheres Assim (às terças), criada e escrita por Filipa Leal, terá 20 episódios de histórias no feminino, a partir da experiência de Maria do Carmo (Joana Seixas), o elo de ligação entre várias mulheres. Já Os Boys (às quartas), escrita por Mário Botequilha, e com Filipe Duarte como protagonista, usa uma certa ironia para retratar o universo dos bastidores da política, do jornalismo e do poder económico, numa tentativa de análise da forma como se tomam as decisões de poder em Portugal.
Em Dentro (às quintas), escrita por Lara Morgado, vê-se a vida de uma prisão feminina pelo olhar de um psicólogo, interpretado por Miguel Nunes, o protagonista do filme Cartas da Guerra. Cada um dos 13 episódios centra-se numa das reclusas, na sua história, no crime que cometeram e no que significa estar presa. A mais transversal de todas as estreias, com uma componente mais juvenil e de alguma fantasia é Miúdo Graúdo (às sextas). Aos 11 anos, Miguelito (Henrique Mello) quer ganhar o prémio Nobel da Física e consegue criar uma máquina do tempo em que transporta para a atualidade o seu eu com mais 20 anos (Pedro Caeiro).
Com os elencos das novelas nos canais privados já muito tipificados, “muitos atores têm saudades de fazer coisas diferentes em termos de trabalho artístico”, considera Virgílio Castelo. “As séries são mais apelativas do ponto de vista da criação para toda a gente, desde escritores, realizadores e atores”. O público agradece.