Rodeado de vinhas, o edifício branco da adega da Quinta do Paral destaca-se na paisagem alentejana. Moderna e recentemente ampliada, é dali que saem as onze referências de vinhos brancos, tintos e um rosé do projeto de Dieter Morseck na Vidigueira. O empresário alemão, cuja família fundou a marca de malas de viagem de luxo Rimowa, é um apaixonado pelos vinhos e pela aviação (também é piloto), mas as suas viagens só o trouxeram ao Alentejo quando o filho Thomas, engenheiro agrónomo, viu potencial na região. O terroir e o modo de vida alentejano conquistaram Dieter que, em 2017, adquiriu a Quinta do Paral, com 85 hectares.
Quando o ouvimos falar sobre o projeto, é visível o orgulho nas vinhas velhas, “património da Vidigueira”. São doze hectares de pés de vinha com mais de cinquenta anos, de castas como a Perrum, Tinta Grossa, Antão Vaz e Aragonês, situados em Vila de Frades, fora do perímetro da Quinta do Paral.
A estes, juntam-se os 40 hectares daquela propriedade, onde se cultivam vinhas de castas internacionais – Chardonnay, Sauvignon Blanc, Petit Syrah, Vermentino e Viognier. “O meu sonho era construir um negócio de família com vinhos excecionais e proporcionar boas experiências, as mesmas que eu tive quando cá cheguei”, diz Dieter Morseck, em português.
Assim se justifica o investimento no projeto enoturístico de luxo que está a desenvolver na Quinta do Paral. À produção de vinhos, há de juntar-se um boutique wine hotel, com 21 quartos e dois apartamentos, e um restaurante de cozinha alentejana com consultoria de José Júlio Vintém, proprietário do restaurante Tombalobos, em Portalegre.
Provar o vinho
O projeto de enoturismo está a funcionar ainda de forma moderada. “Só arrancará em pleno quando o hotel estiver pronto a abrir, de forma a envolver ao máximo as pessoas, combinando vinho, dormida e restauração”, explica Maria Pica, responsável pela área comercial e de marketing da empresa. Para já, pode sentir-se o espírito do lugar enquanto se visitam as vinhas e provam os vinhos, pensados pelo enólogo Luís Morgado Leão. Por marcação, estão disponíveis três programas com cinco, sete ou nove referências de vinho (€25, €35 e €45, respetivamente), sempre acompanhadas por queijos, enchidos e pão regional da Vidigueira. São produtos que fazem parte da identidade desta região, onde Dieter destaca “as talhas, as pessoas, as ruínas de São Cucufate…”
Da sala de provas e loja, no primeiro andar da adega, já se veem os novos edifícios a ganhar forma do outro lado da estrada, numa zona murada da propriedade. O hotel vai ocupar o antigo solar do Conde de Palma e da mulher, a Condessa de Santar, enquanto o restaurante e os apartamentos ficam nas estruturas novas.
Entre os edifícios, vai existir uma zona com jardins, cursos de água, piscina biológica, um borboletário e pequenos nichos (uma espécie de ilhas) para piqueniques e zona de estar. O projeto de arquitetura e de design de interiores foi entregue à Saraiva & Associados, que criou um ambiente requintado, mas sóbrio, a partir de materiais portugueses, como os móveis feitos à medida, e objetos de design.
“Quando abrir, vai estar cerca de seis meses em testes”, adianta Maria Pica, “para que tudo fique perfeito para receber os hóspedes vindos de várias partes do mundo”. Esperam turistas americanos, canadianos, brasileiros, alemães e haverá a possibilidade de chegar num dos aviões de Dieter, o Pilatus PC 12 que já está pintado com as cores da Quinta do Paral, mas ainda não tem ordem de descolagem em nenhuma das pistas à volta.
Do fine dining à sopa de tomate
Da horta e do pomar, que vão nascer na Quinta do Paral, hão de sair grande parte dos produtos a utilizar no restaurante, cuja carta é assinada por José Júlio Vintém. Sem querer revelar muito, quando se pergunta ao chefe de cozinha alentejano o que quer pôr na ementa, a resposta sai sem hesitações: “Os catacuzes, o borrego, os galos, tudo o que é regional. O que eu sei fazer é a coisa pura e boa, cada vez mais assente na sustentabilidade e no produto local. Por isso, o que se pode esperar é uma coisa com muita qualidade, assente nesta região e em todo o baixo Alentejo”.
José Júlio Vintém está envolvido no projeto há um ano. “Temos estado nos mercados e nas feiras, a procurar o que há de melhor na produção local, nas pessoas e nas memórias”. Embora conheça bem toda a região, continua, “o baixo Alentejo é diferente do alto Alentejo. As migas são diferentes, embora na essência, o retirar dos sabores seja feito quase todo da mesma maneira”. O restaurante estará aberto a todos quantos queiram provar uma cozinha alentejana de conforto. “E quando se diz isto, significa que ela vai do fine dinning à sopa de tomate com ovo escalfado”, afirma o chefe.
Oferecer o melhor a quem ficar no hotel ou vier experimentar o restaurante é ponto de honra. “As pessoas têm muito stress, isto é um sítio bom para relaxar, é esse o seu segredo”, diz Dieter Morszeck. “Quero que os hóspedes experimentem o modo de viver alentejano”.
Quinta do Paral > Herdade Tinto e Branco, Vidigueira > T. 284 441 620 > provas de vinho e visita por marcação > €25 a €45 > quintadoparal.com