Começa este sábado, 21, e promete animar praças, jardins e museus da capital até meados de setembro. O Lisboa na Rua tem início marcado para as 19 e 30 no Castelo de São Jorge, com o primeiro de cinco concertos integrados no ciclo A Música e o Mundo – Encontros Sonoros Atlânticos. Nesta primeira apresentação, o grupo de percussão Druming GP e o contratenor Stephen Díaz interpretam obras de Philip Glass, Ângela da Ponte e Vasco Mendonça. Depois, até 19 de setembro e ao longo de quase um mês, haverá cinema, música, espectáculos de teatro e aulas de dança – tudo ao ar livre e com entrada grátis. Em sete pontos, saiba o que não pode perder neste programa organizado pela EGEAC, a empresa municipal responsável pela gestão de espaços culturais de cidade.
1. Festival Máscara Ibérica
Ao invés dos anos anteriores, em que as máscaras ibéricas enchiam as ruas e travessas da capital com desfiles, este ano é em museus e monumentos da cidade que se apresentam, ao ar livre, as tradições oriundas das Astúrias, Galiza e Miranda do Douro. Neste sábado, 21, primeiro dia do festival da Máscara Ibérica, no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, os grupos asturianos Asociación Cultural y Folklórica Los Yerbatos e Los Sidros y la Comedia de Valdesoto retratam as tradições anuais desta região espanhola, desde atuações de gaitas de foles, pandeiros e danças até às típicas Comédias, apresentadas após o Dia de Reis. No sábado seguinte, dia 28, as portas do Museu da Marioneta abrem-se para receberem a tradição galega do Entroido, e no domingo, dia 29, é no Castelo de S. Jorge que os Pauliteiros de Miranda fazem a sua atuação. A 4 de setembro, último dia do festival, os grupos Bonitas de Sandes e Entroido de Cobres animam o Museu da Marioneta, entre danças e músicas de gaiteiros, missangas e máscaras pintadas. Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, Museu da Marioneta e Castelo de S. Jorge > 21 ago, 28-29 ago e 4 set > sáb-dom 18h > entrada livre, mediante levantamento de bilhete (máximo 2/pessoa)
2. Festival Fuso – Festival Anual de Vídeo Arte Internacional
Foi em 2009 que o Festival Fuso chegou às ruas de Lisboa para mostrar como também é de consciência social e política que se faz a videoarte. Doze anos depois – e num tempo em que as guerras e as crises de refugiados voltam a estar na ordem do dia –, continua atual o objetivo de alertar para uma cidadania responsável, ao mesmo tempo que se promovem novas criações artísticas nacionais. Sob o mote Na Fronteira, é entre 25 e 29 de agosto que monumentos e museus da capital vão receber dezenas de vídeos que apresentam reflexões sobre a noção contemporânea de fronteira e discutem conceitos como nacionalismo, identidade e liberdade. O destaque deste ano vai para a open call que inaugura o programa na quarta, 25, pelas 22 horas, no MAAT, onde serão apresentados, ao ar livre, os 16 projetos a concurso, selecionados por Jean-François Chougnet, que vão competir pelo Prémio Aquisição Fundação EDP/MAAT, no valor de 2 500 euros (o anúncio do vencedor será feito no domingo, 29, às, 22h, no Museu da Marioneta). O Castelo de São Jorge e o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado recebem as habituais sessões curatoriais que, nesta edição, se debruçam sobre temas como espiritualidade, raça, confinamento e feminismo. Vários locais > 25-29 ago, qua-dom 22h > grátis > informações em fusovideoarte.com
3. CineCidade
Assistir a bom cinema com a Lua em pano de fundo continua a ser uma das coisas boas da vida. Nos fins de semana de 10 e 11, 17 e 18 de setembro, o Museu de Lisboa – Palácio Pimenta recebe o CineCidade, com sessões de cinema ao ar livre, às 21h30 – em ano de Lisboa Capital Europeia do Desporto, os filmes apresentados aliam o tema dos Direitos Humanos com o desporto. Do programa, destaque para o filme Boxe (2005), do realizador português Miguel Clara de Vasconcelos (18 set), que conta a história de resiliência de Jorge Pina através de cinco momentos cruciais da sua carreira, desde a juventude marcada pelo pugilismo ao acidente de treino que o deixou cego e à entrada nas competições de atletismo. Museu de Lisboa – Palácio Pimenta > Campo Grande 245, Lisboa > 10-11 set, 17-18 set, sáb-dom 21h30 > grátis
4. Música
Já ninguém recusa uma bom espetáculo de música ao ar livre, muito menos quando o que se promete são suaves melodias de orquestra e de ensembles musicais a ecoarem pelos jardins e castelos da cidade. No primeiro sábado de setembro, dia 3, pelas 21 e 30, o Castelo de São Jorge será palco do concerto O Conde de Monte Cristo, no qual a Orquestra Orbis vai intepretar duas obras de Pedro Teixeira da Silva: Da Nascente até à Foz , obra inspirada no movimento dos rios, em estreia; e O Conde de Monte Cristo, que dá título ao espetáculo. Nesta peça, a história do célebre romance de Alexandre Dumas é contada através de som, vídeo e narrativa, com a participação do ator Miguel Guilherme, que aqui interpreta um libreto especialmente construído para acompanhar esta composição musical.
Uma semana depois, a 10 de setembro (sáb, 19h), é na Fundação Calouste Gulbenkian que o maestro Martim Sousa Tavares dirige pela primeira vez a Orquestra Gulbenkian, num programa que viaja desde a música clássica europeia, com Mozart e Claude Debussy, até ao folclore norte-americano, aqui representado por Ruth Crawford Seeger. A acompanhar a sessão, vão estar os solistas Adrián Martínez e Levon Mouradia. O Conde de Monte Cristo > Castelo de São Jorge > R. de Santa Cruz do Castelo, Lisboa > 3 set, sáb 21h30 > grátis > Orquestra da Gulbenkian e seus Solistas > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. Berna 45, Lisboa > 10 set, sáb 19h > grátis (mediante levantamento prévio de bilhete na bilheteira da Fundação)
5. Dançar a Cidade
Entre o final de agosto e meados de setembro, as aulas de dança ao ar livre vão animar o espaço exterior de alguns monumentos lisboetas, todas as segundas-feiras, pelas 17 e 30. O início do Dançar a Cidade dá-se no dia 29 de agosto, com os ritmos quentes e exóticos das danças do continente africano a encherem a Biblioteca Municipal de Alcântara, pela mão de Avelino Chantre. Na semana seguinte, a 5 de setembro, as ondas sul-americanas do tango chegam ao Castelo de S. Jorge, com uma aula dirigida por Maria Eugénia, enquanto a 12 de setembro, João Lara Pereira leva, ao Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, os compassos rigorosos e assertivos das sevilhanas e do flamenco. O passo final acontece uma semana depois, a 19 de setembro, no Museu da Marioneta – aqui, Afonso Costa promete fazer-nos levantar o pé do chão e abanar a anca com a energia das danças do Caribe. Vários locais > 29 ago-19 set, seg 17h30 > entrada livre, mediante levantamento prévio do bilhete (máximo 2/pessoa)
6. Antiprincesas
Nasceram fora das tiaras e das pérolas de ouros dos contos de fadas, lutaram pelas suas próprias conquistas, desafiaram preconceitos e rótulos e nem sempre acabaram felizes, com vidas de sonho como as que estamos habituados nos filmes. Foi com o objetivo de dar corpo às histórias de mulheres resistentes que Cláudia Gaiolas criou, em 2017, uma série de quatro espetáculos baseados na coleção de livros infanto-juvenis editados pela Tinta-da-China em parceria com a EGEAC. Quatro anos depois, Frida Khalo ou Violeta Parra dão agora lugar às histórias inspiradores de mulheres portuguesas que fizeram da coragem lema de vida. Nos dias 11 e 12 de setembro, é a história de Leonor, Marquesa de Alorna que se conta na Estufa Fria. No fim de semana seguinte, dias 18 e 19 de setembro, no mesmo lugar, dá-se espaço ao percurso de vida de Carolina Beatriz Ângelo, médica e a primeira mulher portuguesa a votar nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, em 1911. Estufa Fria > Parque Eduardo VII, Lisboa > 11-12 set, 18-19 set, sáb-dom, 11h e 16h > grátis (mediante reserva prévia de bilhete, lotação limitada)
7. Marés de consciência
Das artes plásticas à música e ao teatro, a preocupação ambiental é incontornável no programa deste ano do Lisboa na Rua. No primeiro fim de semana de setembro, dias 3 a 5, o Palácio Pimenta recebe A Tralha, peça de estreia da rapper Capicua como argumentista e encenadora, que põe em destaque as consequências ambientais da política do “descartável”, característica dos tempos modernos. Com interpretação de Tiago Barbosa, é através do monólogo de um homem – que se encontra confinado entre memórias e entulho – que se disserta sobre os prejuízos da acumulação de plástico nos oceanos e sobre a necessidade de reconverter hábitos.
No dia 3 de setembro, na Praça do Carvão do MAAT, em Belém, inaugura-se O Barco/ The Boat, da artista Grada Kilomba. A instalação, composta por 140 blocos e com mais de 32 metros de comprimento ao longo do rio, assemelha-se a uma nau, tal como aquelas que serviram para transportar os escravos africanos ao serviço dos impérios ocidentais. Sobre a obra de grande escala, repousam poemas e histórias que recordam identidades e percursos de vida desconhecidos: tudo meticulosamente organizado, de forma a consciencializar e estimular a reflexão sobre o lado negro da época dos Descobrimentos. A Tralha > Museu de Lisboa-Palácio Pimenta > Campo Grande 245, Lisboa > 3-5 set, sex-sáb 19h, dom 18h > grátis > O Barco/ The Boat > Praça do Carvão MAAT > Av. Brasília, Belém, Lisboa > 3 set-17 out, seg, qua-dom 11h-19h (em setembro: sex-sáb 11h-22h) > grátis
Festival Lisboa na Rua > vários locais de Lisboa > 21 ago-19 set > T. 21 8820 090 > culturanarua.pt