1. Parque Ribeirinho Oriente
No ano em que Lisboa foi Capital Verde Europeia – e num ano em que as caminhadas e o exercício físico ao ar livre fizeram parte da rotina –, inaugurava, em fevereiro, o Parque Ribeirinho Oriente. Ali, entre os armazéns da Doca do Poço do Bispo e a Matinha, uma zona desocupada e devoluta renascia e ganhava visitantes. Desenhado para ser autossustentável e necessitar de pouca manutenção, pelas arquitetas paisagistas Catarina Assis Pacheco e Filipa Cardoso de Menezes, neste parque linear, com cerca de quatro hectares, há espreguiçadeiras, áreas verdes pontuadas de árvores, uma zona de recreio para crianças, estátuas e impressões no pavimento de sombras de aves, que vale a pena descobrir. São 650 metros de frente de rio, mesmo a pedir um passeio a pé ou de bicicleta, com os olhos postos no Tejo. Doca do Poço do Bispo para Norte
2. Brotéria
Desde janeiro que, na Rua de São Pedro de Alcântara, há duas portas abertas de par em par. Onde outrora repousavam os livros da Hemeroteca Municipal, repousam agora ideias, conversas, arte e encontros. Ou melhor, não repousam, animam a cidade num ano em que nos habituámos a fechar-nos mais em nós e em casa. Promover o encontro, o acolhimento e a partilha de conhecimento foi o que motivou os Jesuítas a abrirem esta casa que tanto deu à cidade, em menos de 365 dias.

Mesmo em ano de Covid-19, a Brotéria conseguiu juntar, sob os tetos decorados com estuques e frescos, nomes como Paulo Pires do Vale, Rui Chafes ou Fernanda Fragateiro, organizou exposições, estabeleceu uma parceria com a livraria Snob, inaugurou um café, um espaço de cowork, lançou oito números de uma revista dedicada à reflexão religiosa, política, científica e cultural e prepara agora uma biblioteca de cinco pisos e 160 mil volumes. R. de São Pedro de Alcântara, 3, Lisboa >T. 21 396 1660 > seg-qua e sex-sáb 10h-18h, qui 10h-21h
3. Selim – Banco de Bicicletas

Em 2020, as bicicletas voltam a fazer parte do nosso Se7e, e justifica-se. Durante os primeiros meses da pandemia, a necessidade de passear ao ar livre e de um meio de transporte que não incluísse multidões levou a um aumento exponencial na procura de bicicletas. Até que em julho, o stock nas lojas esgotou-se. O programa municipal de apoio à sua aquisição, em nome da mobilidade sustentável, também contribuiu para este fenómeno. Em setembro, apareceu o Selim – Banco de Bicicletas, um sistema de empréstimo de longa duração, que recolhe, repara e empresta bicicletas a quem delas precisa para se deslocar na cidade. Desenvolvido pela Cicloda – Associação Oficina da Ciclomobilidade, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de Arroios, já recolheu 125 bicicletas e entregou 70, embora os pedidos cheguem aos 692. É continuar a dar ao pedal. www.selim.cicloficina.pt
4. Zunzum Gastrobar

No ano mais desafiante e difícil para a restauração, cinco meses depois do previsto, Marlene Vieira inaugurou, em agosto, o Zunzum Gastrobar, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, desenhado por Carrilho da Graça. “Foi como ter os tachos todos ao lume e alguém desligar-nos o gás”, disse a chefe de cozinha à revista Exame. Para adaptar-se às regras impostas pela pandemia, a chefe apostou no takeaway e nos pequenos-grandes-almoços, nos fins de semana de recolhimento obrigatório, o que ajudou a manter os postos de trabalho. Mas vale a pena ali sentar-se para experimentar algumas opções da ementa, baseada na cozinha e nos produtos portugueses trabalhados com técnicas do mundo. Entre o moderno e o tradicional, Marlene define o Zunzum como descontraído, com comida descomplicada e divertida, de que são exemplo as asas de frango grelhadas e desossadas, com recheio de farinheira; as guiozas à portuguesa e os ovos, o fricassé, o creme de ovo e os cogumelos salteados, entre outras sugestões. O projeto, que nasceu a convite do porto de Lisboa, só ficará completo quando ali abrir o Marlene, o restaurante de fine dining com que a chefe também sonhou. Terminal de Cruzeiros de Lisboa, Edifício Norte, Doca do Jardim do Tabaco, Lisboa > T. 21 050 0347, 91 550 7870 > seg-sex 12h-15h, 19h-22h30, sáb-dom 9h-12h
5. Rua da Silva

“Tudo pra rua”, gritou-nos o desconfinamento, em maio, depois de estarmos dois meses à míngua de restaurantes e de encontros com amigos e familiares. Mas este “tudo pra rua” foi recebido de forma literal: pelos restaurantes, que se adaptaram aos passeios para compensar a redução de lugares imposta pelo distanciamento obrigatório, e pelas pessoas, que misturaram a vontade de estar ao ar livre com a fuga aos contágios. O resultado está à vista para quem passeia por Lisboa e é uma vista bonita – há esplanadas em qualquer canto da cidade (mais 400, pelos números da Câmara Municipal de Lisboa) e gente sem medo do frio ou da chuva, a imitar os nórdicos. Para ajudar a este coming out, a autarquia facilitou as licenças, e algumas juntas de freguesia deram outros empurrões, dinamizando o espaço público ao abrigo do chavão “A Rua é Sua”. Gostamos de chamar aqui a Rua da Silva, ou Green Street, porque é, junto com as suas adjacentes, e talvez seja o exemplo mais bem-sucedido deste movimento, das poucas coisas boas saídas da pandemia. Em agosto, a junta da Misericórdia decidiu cortar a circulação automóvel entre a Avenida Dom Carlos I e a Rua dos Mastros, todos os sábados e domingos, entre as 11 da manhã e as 11 da noite. E lá foi “tudo pra rua”, como manda o bom senso, conviver por entre esplanadas e lojas de comércio local. Agora, é esperar que os horários da cidade normalizem e torcer para que a rua continue a ser nossa – para sempre.
6. Espaço Nimas

Quando muitos temiam que o confinamento desse o golpe de misericórdia no cinema em sala, com a ascensão das redes de streaming, eis que alguns pequenos espaços, como o Nimas, o Ideal (em Lisboa) e o Trindade (no Porto), revelaram uma notável capacidade de resistência. Apostando numa programação variada, ao estilo dos antigos cineclubes, com muitas reposições e filmes de inegável qualidade, o Nimas, que reabriu as portas em junho, alcançou lotações esgotadas e conquistou um público fiel, em contraciclo com as grandes cadeias de centros comerciais que ainda não conseguiram recompor-se. É sinal de que o verdadeiro público cinéfilo não abdica do grande ecrã, nem mesmo em tempos de pandemia. Quanto às pipocas… estão também à venda no supermercado e podem ser consumidas confortavelmente, em frente ao televisor, no sofá da sala. Av. 5 de Outubro, 42 B, Lisboa > T. 21 357 4362
7. O Melhor Croissant da Minha Rua

Mais parece que recuámos aos anos 80/90 quando as croissanterias chegaram a Lisboa e se tornaram ponto de encontro de várias gerações. Este ano, voltaram a dar que falar e, por toda a cidade, foram abrindo vários negócios. Em Alvalade, O Melhor Croissant da Minha Rua não passa despercebido a quem ali vive ou por ali anda, seja pela fila à porta, seja pelos croissants de massa folhada e brioche que levam diferentes recheios. Pensada ao pormenor durante dez anos, desde a embalagem ao atendimento, a marca criada em 2014 e que conta atualmente com 12 lojas, começou bem antes, em Sesimbra, na pastelaria dos pais de André Cidade, que, ao assumir a sua liderança, decidiu melhorar a receita e expandir o negócio. Av. da Igreja, 15D, Lisboa > T. 21 011 4338 > seg-sex 8h30-19h, sáb-dom 8h30-13h