Juramos que não foi por causa do mojito – mergulhámos antes de a Liliana ter feito um cocktail como manda o figurino, com umas gotas de angustura e tudo, no bar montado numa velha carrinha Citröen. A sensação de nadar a poucos centímetros de pinguins é que é tão real que parece irreal, mesmo sem álcool a entrar (no sangue e) na equação.
Confusos? É natural. Nós também ficámos quando nos disseram que no Zoo de Lagos tinha acabada de ser inaugurada uma piscina para pinguins e humanos. Imaginámos logo que com sorte iríamos tocar de raspão num homenzinho de smoking.
Mas não. A última coisa que Paulo Figueiras, o esforçado dono deste jardim zoológico fundado há quase 17 anos, quer é stressar os animais. Por isso acabou com as sessões fotográficas com araras ou limita a interação com os lémures a uns curtos minutos, no máximo seis pessoas que não devem tocar nos bichos.
Quando pensou numa atração para os visitantes se refrescarem nos dias de maior calor, lembrou-se que seria interessante poderem ao mesmo tempo ver pinguins debaixo de água. Com um vidro de permeio, tinha de ser. E, no caso, ver mesmo sem tocarmos chega e sobra para invejarmos a limpeza com que fazem piscinas e ficarmos com um sorriso parvo o resto do dia.
Paulo Figueiras esteve dois anos na lista de espera para receber dez casais de pinguins-africanos criados em cativeiro, em Inglaterra. São uma das espécies de pinguins mais ameaçadas de extinção, muito por culpa dos derrames de petróleo, e vivem em colónias desde o sul da Namíbia até à África do Sul, onde fica a verdadeira Boulders Beach. Agora, o objetivo é que se reproduzam no novo habitat, que tem areia e água do mar do Algarve. “Temos espaço para cem animais, mas logo se vê o que faremos”, diz, pragmático, o dono deste Zoo a dez minutos de Lagos. As trocas entre jardins zoológicos são habituais; ainda há duas semanas, seguiram dois lémures para Itália e um lince-pardo para o Canadá.
A entrada na praia dos pinguins custa uns adicionais seis euros por pessoa, revertendo um euro para um projeto de reabilitação de pinguins, na Cidade do Cabo. E a pulseirinha branca dá direito a entrar e sair as vezes que quisermos, o que é ótimo porque seria um desperdício não vermos também de perto morcegos-raposa, hipopótamos pigmeus, suricatas e tantos outros animais.
Para a “experiência” ser mais completa, convém levar óculos para ver debaixo de água. Todos os dias, às 15 e 30, os visitantes também podem assistir à alimentação dos pinguins. “Carapaus porque era o que vinham a comer e porque os turistas comem as sardinhas todas”, brinca Paulo Figueiras, do Zoo de Lagos.
Zoo de Lagos > Quinta Figueiras, Sítio do Medronhal, Barão de S. João, Lagos > T. 282 680 100 > seg-dom 10h-19h (1 out-31 mar até às 17h) > adulto €16, criança €12, crianças até 3 anos grátis > Boulders Beach €6