1. A Descoberta do Japão
Michel Chandeigne (org.)
Durante a Expansão Marítima, os portugueses privilegiaram, no Oriente, as trocas comerciais (apoiadas nas armas, claro), o que deu uma enorme vantagem a Portugal no contacto com o Japão. Este livro recorda a “descoberta” da terra do Sol Nascente, coligindo os primeiros relatos feitos sobre o país. Muitos são portugueses, mas Michel Chandeigne, responsável pela recolha, recua até a Marco Polo (o primeiro a falar do Japão ou do Cipango) e passa por outros nomes, de várias nacionalidades. Um livro complementado com os primeiros mapas que, a par dos textos, mostram como se chegou a um retrato cada vez mais fiel de um país, à época, muito fechado ao mundo. L.R.D. Imprensa Nacional, 448 págs., €27
2. O Apelo da Liberdade
Arlindo Manuel Caldeira
O tema da escravatura mantém-se, há uns anos, na ordem do dia. Se até há, digamos, uma década, a historiografia da Expansão, e a própria visão popular dos chamados Descobrimentos, olhava para os séculos XV e XVI com mais do que naturalidade, com um inconfessado orgulho pelas práticas pioneiras dos nossos antepassados no desbravar de terras desconhecidas (chavão a certa altura reconvertido em “encontro de culturas”), hoje as coisas não são assim. A violência das práticas esclavagistas veio à tona, no caldo retardado da memória histórica, e o que antes fora glória converteu-se, para muitos, em motivo de vergonha. O tema daria para desenvolvimentos que não cabem nestas linhas (e em que a cultura woke teria de ser abordada). O historiador Arlindo Manuel Caldeira é quem mais tem feito para encontrar a justa medida, abordando o tema da escravatura com o rigor e o ângulo exato que este merece. O Apelo da Liberdade – Resistência dos Africanos à Escravidão nas Áreas de Influência Portuguesa é o terceiro livro, sem contar com obras de mais reduzido fôlego, que o autor dedica ao tema dos negreiros e dos escravizados no espaço luso. Nele se demonstra que os apressados nem sempre se conformavam com o destino trágico. Lê-se como um romance de aventuras e ganha-se, com a fruição, uma visão mais verdadeira e equilibrada da realidade. Luís Almeida Martins Casa das Letras, €18,90, 428 págs.
3. Alexandre, o Grande – O Sangue do Pai
Alfonso Goizueta
Já na época de Alexandre, o Grande, o rei da Macedónia e do mundo helénico, os historiadores perceberam a dificuldade em biografar uma figura tão extraordinária. Mais do que um livro de referência, surgiram compilações de lendas e mitos que, cada uma à sua maneira, revelavam várias facetas. O espanhol Alfonso Goizueta, no seu primeiro romance, inseriu-se neste esforço milenar, ao refazer os passos de Alexandre a partir da relação com o pai. Quis ser fiel aos factos, aproveitando a sua formação em História e os estudos mais recentes, mas procurou sobretudo entender o que têm em comum os homens e as mulheres que vivem grandes ou pequenos feitos. L.R.D. Planeta, 608 págs., €21,90
4. No Tempo dos Vikings
Hélio Pires
Formado na Universidade de Uppsala, na Suécia, e especialista em Estudos Vikings, Hélio Pires tem desenvolvido um trabalho original na historiografia portuguesa, divulgando os vestígios dos povos nórdicos no nosso país. Aqui, e a pensar no grande público, oferece-nos uma visão mais geral, descrevendo o mundo e o tempo que conhecemos como sendo dos vikings. A principal motivação é esclarecer alguns equívocos, nomeadamente, e o maior, o que toma a parte pelo todo. Houve muitos e ferozes vikings, mas eles eram apenas uma parte da sociedade escandinava, entre os séculos VIII e XI. De forma acessível e rigorosa, esta obra dá-nos os factos de um imaginário que povoa o cinema, a televisão e muita fantasia na atualidade. L.R.D. Desassossego, 304 págs., €18,80